Governança de destino turístico e requalificação urbana: o caso do Recife Antigo

Abstract

Este artigo analisa como arranjos de governança têm orientado a requalificação urbana do Recife Antigo enquanto destino turístico. Trata-se de um estudo de caso qualitativo, com triangulação de fontes (entrevistas semiestruturadas realizadas entre janeiro e julho de 2025 com atores-chave do setor público ,privado e terceiro setor, observação de campo e análise documental) e análise de conteúdo (Bardin) organizada em Unidades de Registro, Categorias Temáticas e Eixos de Significação. Os resultados se estruturam em cinco eixos: (i) governança e articulação de atores; (ii) dinâmica econômica e turística; (iii) cultura e identidade; (iv) inclusão social e gentrificação; e (v) coparticipação e sustentabilidade. Constatou-se protagonismo municipal (Recentro) e dinamismo econômico associado a eventos e novos empreendimentos, mas também fragmentação setorial, baixa integração com a hotelaria, e riscos de elitização e exclusão simbólica. O caso recente da adoção da Rua do Bom Jesus (ago/2025) ilustra um arranjo híbrido de governança em rede com salvaguardas legais, porém suscetível a privatização simbólica do espaço se faltar controle social. Conclui-se que o avanço da requalificação depende de coparticipação efetiva, transparência e mecanismos de salvaguarda cultural e social, para que a vantagem competitiva do destino se traduza em sustentabilidade urbana e benefícios distribuídos.