Memórias, identidades e sexualidades: construção de um protótipo de ensino com a obra “Amora”, de Natália Borges Polesso

Abstract

Para se pensar em uma escola inclusiva às demandas identitárias, sociais e políticas do século XXI, é mais que necessário incluir e discutir, dentro e fora de sala de aula, temáticas relacionadas à vivência LGBTQIAPN+. Além disso, ao se levar em consideração a influência cada vez maior da tecnologia nas escolas, faz-se imprescindível o estudo de materiais que abracem o meio digital em um contexto pedagógico. Nesse sentido, o presente artigo, de metodologia qualitativa e propositiva, tem por objetivo a produção de um material didático alternativo e digital, o protótipo de ensino (Rojo, 2017a; 2017b). Na busca por abarcar o fenômeno queer, o interesse da pesquisa se faz em discutir questões em torno da memória – fundamentais para o entendimento da subjetividade e da identidade humana – atreladas à diversidade sexual. Desse modo, a presente produção também ancora-se na Linguística Aplicada, justamente por tratar-se de um trabalho cujo foco são grupos marginalizados, ou seja, uma preocupação a nível transdisciplinar e social. Com base em Moita Lopes (2002), pôde-se inferir que, ao permitir que os estudantes entendam como suas identidades são socialmente construídas a partir de discursos, a educação linguística também se configura como um grande fator para a transformação social. As narrativas desempenham enorme papel na construção de significados do discurso e assim, em vias de trabalhar memória e sexualidade em sala de aula, escolheram-se os contos “Flor, flores, ferro retorcido” e “Amora”, da autora lésbica Natalia Borges Polesso. A partir dos contos literários, problematizou-se o porquê de a literatura LGBTQIAPN+ dificilmente chegar às escolas, bem como noções de representatividade e relações de poder, comprovando a eficácia do protótipo quanto à abordagem de textos e temáticas não canônicos e pouco estimados no saber escolar.