Desinventando coisas: experimentos sobre intencionalidade e improviso no design

Abstract

Aplicadas um tanto despretensiosamente, passando muitas vezes despercebidas, as maneiras e práticas através das quais as pessoas transformam os objetos ao longo do seu uso cotidiano são o enfoque deste estudo. Chamem de improvisos, gambiarras ou reuso, para além do processo dos designers, os objetos que nos rodeiam seguem se criando e sendo criados, apropriados e repensados ao longo de sua vida. Partindo desta reflexão, o presente trabalho tem como objetivo primeiro explorar os diálogos e interações entre humanos e artefatos através do aprofundamento do conceito de Design Não Intencional (BRANDES, ERLHOFF. 2006) e do trabalho do antropólogo Tim Ingold acerca do conceito de coisa e de sua visão sobre a vida dos objetos para além do processo criativo do design. Assim, colocando em xeque as relações entre improviso e intencionalidade, se apresentam como recursos metodológicos as intervenções participativas baseadas na especulação e tendo a Sonda Cultural como ferramenta principal. Como base teórica, além dos autores supracitados, recorro a referências dos campos de design e antropologia. As intervenções, entrevistas e experimentos práticos levam a confecção de um produto cujo objetivo é provocar - e assim registrar - as maneiras que o Design Não Intencional se expressou no cotidiano dos participantes. As conclusões levam a novas possibilidades dentro da prática do design, além de evocação de outras perguntas em relação ao tema, que podem abrir espaço para novos projetos ou experimentações.