Narrativas que silenciam: o lugar das comunidades pesqueiras atingidas pelo desastre-crime do petróleo de 2019 pelas lentes da mídia pernambucana

Abstract

O presente estudo tem como objetivo analisar as narrativas midiáticas sobre as comunidades pesqueiras artesanais durante a cobertura do desastre-crime do petróleo ocorrido em 2019. A pesquisa busca compreender como foram abordados os impactos nas comunidades de pescadores de Pernambuco, como foram retratadas pela mídia hegemônica, considerando tratar-se de fenômeno de forte repercussão social e ambiental. A pesquisa se caracteriza como qualitativa, e o instrumento metodológico central utilizado foi de base documental. Assim, o levantamento foi realizado por meio de matérias publicadas no site do Diario de Pernambuco, com um recorte temporal de quatro meses, compreendido a partir de 2 de setembro de 2019, data que marcou a chegada dos primeiros resquícios de petróleo no litoral pernambucano. Conclui-se que as comunidades pesqueiras tradicionais seguem sendo impactadas por múltiplas camadas de violência (históricas, institucionais, ambientais e simbólicas) que se entrelaçam e se aprofundam em contextos de desastre. A invisibilização de suas vozes, tanto no contexto das políticas públicas, quanto na mídia hegemônica, evidencia a permanência de um projeto de Estado que privilegia os interesses do capital e da elite dominante, em detrimento da vida e dos territórios tradicionais. Nesse cenário, reafirma-se a necessidade de outros modelos comunicacionais, fincados nos saberes territoriais e das comunidades, bem como, a necessidade de outro modelo governamental que promova a construção de uma sociedade democrática e emancipatória.