Processos fonológicos e aprendizagem da ortografia: uma análise da escrita oralizada de alunos do 6º ano da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco

Abstract

Neste artigo, defendemos a ideia de que o professor de Português, para ensinar ortografia, precisa estar munido teoricamente de saberes advindos da Fonética e da Fonologia, assim como conhecer como a norma ortográfica está organizada. Esses fundamentos teóricos permitirão que o docente compreenda a natureza e motivação dos desvios ortográficos cometidos por seus alunos ao produzirem seus textos. Para sustentar nossa argumentação, a partir de uma proposta de produção textual diagnóstica, analisamos os desvios ortográficos presentes em nove textos de alunos de uma turma do 6º ano de uma escola pública localizada na Zona Norte do Recife-PE. Nas análises, foram identificados desvios ligados ao desconhecimento, por parte dos discentes, das (ir)regularidades ortográficas e à tentativa de espelhar, ao escreverem, a forma como falam, sendo estes últimos evidenciados pela transposição de processos fonológicos para a escrita. Além disso, os resultados demonstraram que a avaliação produtiva dos desvios ortográficos depende da mobilização de saberes fonético-fonológicos e ortográficos. Portanto, concluímos que, ao analisar os textos sob a ótica desses fundamentos teóricos, o docente poderá diagnosticar mais eficazmente quais (ir)regularidades ortográficas seus estudantes ainda precisam solidificar e, consequentemente, intervir produtivamente sobre a realidade em que atua.