O (não) lugar da ortografia nos planejamentos didáticos de estágio : a fonética e a fonologia na formação docente

Abstract

Não é raro encontrarmos estudantes no Ensino Médio com dúvidas pautadas em regularidades, contextuais ou não, entre fonema e grafema; e professores esperando que seus alunos aprendam com a mera exposição à norma. Nesse contexto, interessou-nos entender de que maneira os professores de Língua Portuguesa estão sendo formados no que tange ao modo como se deve ensinar ortografia. Esta pesquisa objetivou, precipuamente, identificar o lugar da ortografia na formação dos licenciandos do Curso de Letras Português da UFPE, para vislumbrar se a formação inicial oferece subsídios teórico metodológicos para um ensino reflexivo do sistema ortográfico. Fundamentamo-nos em autores como Diniz-Pereira (2010), Silvestre e Placo (2011), e Tardif (2014) que discutem a formação acadêmica e a prática docente; também recorremos a Bagno (2012), Faraco (2016), Morais (2003), Roberto (2016), entre outros, para abordar os fenômenos fonomorfossintáticos implicados nos desvios de grafia, além de subsidiarem perspectiva de um ensino reflexivo de ortografia. A abordagem metodológica desta pesquisa foi de cunho qualitativo, a fim de investigar e compreender o espaço destinado ao ensino de ortografia na perspectiva de concluintes do Curso. Para tanto, examinamos os planejamentos temáticos e os relatórios de estágio de cinco licenciandos e cotejamos esses dados com as respostas para as perguntas que realizamos em entrevistas semiestruturadas com os voluntários. Assim, pudemos constatar o parco espaço destinado à reflexão a respeito do ensino de ortografia na formação acadêmica e o impacto que isso tem no fazer docente. Não obstante, quando houve a correlação entre Fonologia e Ortografia, emergiram indícios de uma prática reflexiva. Dessa forma, ratifica se a relevância do componente curricular Português I: Fonologia do Português na construção do fazer docente na lida com os desvios de grafia dos estudantes.