O (des)costurar da trajetória escolar de mulheres de Toritama: e no meio do caminho havia uma máquina.

Abstract

Esta pesquisa tem por objetivo analisar os motivos que levaram as mulheres costureiras de Toritama a desistirem da escola, e qual o lugar da mulher nas relações de trabalho nas facções de jeans em Toritama. Sendo assim, este trabalho inseriu-se dentro da perspectiva da pesquisa exploratória e explicativa, tendo como técnica de coleta de dados a consulta bibliográfica com os(as) seguintes autores(as): Beauvoir (2019), Bittar e Bittar (2012), Fritsch (2016). Hirata (2007), Lindôso (2011), Louro (2014), Milanês (2020), Negreiros (2010), Nogueira (2013), Novo (2018), Santos (2008), Silva (2008), Rosemberg (1994). Este aporte teórico delimitou-se a problematizar os contextos históricos das famílias de costureiras de Toritama, a problemática da evasão escolar dessas mulheres e o lugar estabelecido para elas no ambiente das facções de confecções de jeans. Para além destes, realizou-se entrevista semiestruturada com as mulheres costureiras evadidas da escola e residentes na cidade de Toritama-PE, que possuem facções de confecção de jeans em seus domicílios. A pesquisa, revela então, que a economia da cidade de Toritama voltada para a confecção de roupas jeans, vem interferindo nos contextos sociais familiares, perpetuando cenários de vulnerabilidade social, uma vez que, este sistema produtivo sobrevive da captura de mão de obra barata e desregulamentação dos postos de emprego ofertados. O ofício da costura é majoritariamente composto por mulheres, que são responsáveis pelo trabalho produtivo além do trabalho reprodutivo, o que evidenciou uma questão de gênero existente nesses contextos, onde as mulheres costureiras estão ocupando postos precários de trabalhos, que são desvalorizados e desqualificados. Na mesma direção, o modelo produtivo da cidade influencia na evasão escolar dessas mulheres, que lamentam a frustação de não poderem ter conseguido prosseguir com os estudos, uma vez que, o trabalho como costureira exige tempo e dedicação, sendo realizado em longas horas de trabalho diário, iniciadas pela manhã e finalizadas muitas das vezes, apenas pela madrugada. Somado a este, essas mulheres ainda unificam o trabalho doméstico, que as sobrecarregam de forma extrema, retirando-lhes possibilidades e o direito de optar por um modo diferente de vida.