Descrição anatômica de lenhos permineralizados do Maastrichtiano da Ilha Vega, Antártica

Abstract

Os fósseis vegetais fornecem informações valiosas para interpretações geológicas, sendo fundamentais para a reconstrução da história da Terra. As plantas, por sua natureza séssil e ampla distribuição, refletem em sua morfologia e anatomia as condições ambientais onde vivem, características que podem ser preservadas nos fósseis e analisadas para estudos taxonômicos, paleoambientais e paleoclimáticos. Os lenhos apresentam alto potencial de preservação, devido à presença de lignina e celulose, e, entre as formas de preservação desses materiais, destaca-se a permineralização. Para a análise de materiais permineralizados, o método de peel de acetato vem sendo amplamente utilizado, por apresentar vantagens em comparação ao método de lâminas delgadas. Nos últimos anos, estudos revelaram o clima do norte da Península Antártica durante o Neocretáceo com o auxílio da paleoflora da região. Isso a torna essencial para entender as florestas do Cretáceo Superior, além de ter grande importância para pesquisas biogeográficas e filogenéticas. Por isso, o presente estudo teve como objetivo analisar e descrever a anatomia de lenhos de angiospermas permineralizados do Maastrichtiano da Ilha Vega, Antártica. Foram usados três fragmentos de lenhos de angiospermas, dois provenientes da Formação Snow Hill Island, Membro Cape Lamb e um espécime da Formação López de Bertodano, Membro Sandwich Bluff. Para a produção de lâminas, foi utilizado o método de peel de acetato. As lâminas foram escaneadas e analisadas, tendo sua anatomia descrita com base na IAWA list of microscopic features for hardwood identification. Dois dos lenhos estudados não foram possíveis de ser descritos com muitos detalhes, provavelmente pela má preservação, no entanto, com um dos lenhos, foi possível realizar uma rica descrição anatômica, possibilitando, através da comparação com a literatura a respeito da paleoflora da Península Antártica e chave de identificção do gênero Nothofagoxylon, concluir que o espécime possui afinidade com Nothofagoxylon ruei.