Tecnologias socioambientais aplicadas para melhoria da saúde humana e ambiente em comunidades de Guiné-Bissau

Abstract

A República da Guiné-Bissau enfrenta desafios estruturais graves, como precariedade no sistema de saúde pública, ausência de saneamento básico adequado e restrições no acesso à água potável. Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo desenvolver estratégias para a promoção da saúde humana e ambiental, por meio da implementação de fossas ecológicas em comunidades locais. O estudo seguiu uma abordagem de pesquisa-ação, iniciando com o estabelecimento de parcerias estratégicas para a construção das ecofossas, a realização de minicursos voltados para a conscientização e formação da população, e a análise da percepção ambiental dos moradores. Na etapa exploratória, foi conduzido um diagnóstico preliminar mediante a aplicação do inquérito de Conhecimentos, Atitudes e Práticas. Subsequentemente, foram promovidas intervenções educativas pautadas na Educação Ambiental Não Formal, direcionadas aos habitantes de duas comunidades selecionadas. Como principal resultado da pesquisa, foram construídas duas fossas ecológicas do tipo TEWetland (um Tanque de Evapotranspiração Modificado (TEVAP) acoplado a uma Wetland artificial) em regime colaborativo, com suporte da liderança comunitária, a qual organizou mutirões para viabilizar a iniciativa. Esses modelos foram incorporados a oficinas práticas que visavam à difusão das metodologias de construção de ecofossas e à mitigação do problema dos esgotos a céu aberto. Após a implementação das estruturas, foi realizada uma análise da percepção ambiental dos moradores acerca do descarte de águas cinzas e do tratamento de resíduos líquidos antes e após a instalação dos TEWetland. Os resultados indicaram que, embora as comunidades de Cool e Colonato reconheçam a correlação entre o esgoto a céu aberto e a incidência de enfermidades, a persistência dessa prática decorre de barreiras culturais e da carência de alternativas viáveis. Essas localidades apresentam elevada incidência de doenças de veiculação hídrica, tais como diarreias, cólera, febre tifoide, hepatite A e disenteria bacteriana. Ademais, não há sistemas formais de coleta de resíduos sólidos, que são frequentemente queimados ou enterrados, ao passo que os efluentes sanitários são destinados a fossas negras ou sépticas. Após a construção dos TEWetland os moradores ficaram satisfeitos com os resultados e usaram a parte superior dos sistemas para produção de alimentos.