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Título: Quando o Zemboa baixou : o testemunho de um evento limite pelas mãos de Mestra Irinéia e pelo barro do rio Mundaú
Autor(es): MENDONÇA, Janine Ribeiro de
Palavras-chave: Antropologia; Enchentes; Muquém (União dos Palmares, AL); Quilombolas; Artistas; Arte e antropologia
Data do documento: 5-Abr-2024
Editor: Universidade Federal de Pernambuco
Citação: MENDONÇA, Janine Ribeiro de. Quando o Zemboa baixou : o testemunho de um evento limite pelas mãos de Mestra Irinéia e pelo barro do rio Mundaú. 2024. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2024.
Abstract: Este trabalho disserta sobre a escultura Árvore da vida, da artista quilombola alagoana Irinéia Rosa Nunes da Silva. A peça de barro apontada por Jairo Campos (2021) como uma narrativa visual da Mestra sobre como sua família sobreviveu à enchente de junho de 2010, que atingiu o quilombo do Muquém. O incidente foi resultado de uma série de intervenções humanas no curso do rio Mundaú: a construção de pequenas barragens particulares que cederam e avolumaram de forma inesperada as águas, provocando o que Isabelle Stengers (2000) define como “Intrusão de Gaia”. Na sanha por acúmulo de riquezas e exploração da terra, essas pequenas barragens são aqui apontadas como gatilhos do desenvolvimento, não no sentido do progresso, mas de desconexão do ser humano com a natureza, conforme aponta o pensador quilombola Antônio Bispo (2023). A Árvore da vida, objeto central de análise desta dissertação, nasce numa configuração completamente diferente de trabalhos anteriores de Mestra Irinéia. O exercício de levante dessa obra, que representa uma experiência coletiva, enriquece a subjetividade não somente da família nuclear da Mestra, mas de todo o Muquém, conforme aponta Alfred Gell (2018). Nós acreditamos na agência da obra, na voz, na subjetividade do barro, depois da perturbação do ambiente em questão, se comunicando com a artista. A matéria prima extraída das margens do Rio Mundaú, a quem os quilombolas chamam de rio Zemboa, é sensível a quaisquer alterações químico-físicas, visto que há relatos dos artistas do Muquém que detalham a exigência que essa argila demanda para ceder ao manejo e resistir ao fogo. Para tanto, a pesquisa parte da reaproximação com os interlocutores; uma pesquisa documental sobre como a narrativa da cheia foi construída pela imprensa nacional; como os governos dos estados de Pernambuco, onde fica a cabeceira do rio, e Alagoas, onde fica o Muquém, se esforçaram em se isentar de qualquer responsabilidade pela enchente creditando a imprecisão de dados à meteorologia, conduta observada em outros contextos pelo professor Renzo Taddei (2017). Só depois nos debruçamos sobre a obra propriamente dita. Um dos recursos acionados foi a produção de um texto audiodescritivo sobre um exemplar da Árvore da vida. A técnica da audiodescrição oportuniza o acesso de pessoas cegas e de baixa visão à obra, mas que aqui possui tanta importância quando uma filmagem ou uma gravação dentro da etnografia, sendo utilizada como um caminho para compreender melhor a subjetividade da mesma bem como da artista que a criou (Guedes, 2022).
URI: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/66144
Aparece nas coleções:Dissertações de Mestrado - Antropologia

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