A natureza no humano e o humano na natureza : contribuições de Aristóteles para a compreensão da vida

Abstract

Este trabalho explora a complexa questão da compreensão da vida na biologia moderna, lançando um olhar filosófico a partir do pensamento aristotélico. Adotando uma metodologia de análise conceitual da obra de Aristóteles, inspirada em seu método comparativo de observação das capacidades dos seres vivos, estabelecemos um diálogo crítico com os conceitos e modelos da biologia contemporânea. A investigação discute as intrínsecas limitações da biologia, enquanto ciência dedicada ao estudo da vida, em sua tentativa de conceituá-la dentro de uma perspectiva puramente mecanicista. Na busca por superar tais limitações, o trabalho revisita a concepção aristotélica de alma (psyché) e suas três potências principais – nutritiva, perceptiva e raciocinativa – compreendendo-as como diferentes graus de atualização (ato) das capacidades inerentes (potência) dos seres vivos. Ao analisar as críticas direcionadas a essa teoria e ponderar sua atualização à luz do conhecimento científico atual, buscamos identificar seu potencial para auxiliar na elucidação do conceito de vida. Para essa atualização, as potências da alma são redefinidas e nomeadas como níveis de organização – vital (presente nas plantas, animais e humanos), anímica (presente nos animais e seres humanos) e do eu (presente apenas nos seres humanos). Adicionalmente, a pesquisa examina a relevância das ideias de Aristóteles para aprimorar a percepção humana de sua profunda interdependência com as demais espécies e, ao mesmo tempo, trazer consciência para sua singularidade e seu papel em mudar o rumo da destruição do planeta, prerrogativa necessária para a plena realização do potencial humano e das demais espécies.