Perspectiva étnico-racial entre docentes do curso de Fisioterapia

Abstract

A formação de profissionais de saúde deve ampliar e aprofundar a discussão sobre as relações étnico-raciais, reconhecendo as barreiras que o racismo representa ao acesso à saúde e o papel que desempenha como determinante de saúde da população negra. O objetivo deste projeto foi conhecer as percepções dos docentes do Curso de Fisioterapia sobre a importância da temática étnico-racial na oferta de conteúdos e práticas profissionais antirracistas em saúde. Foi realizado um estudo observacional qualitativo utilizando dados secundários de um projeto de extensão, do qual participaram docentes do curso de Fisioterapia da UFPE. Para a apreensão do corpus textual foi utilizado um roteiro semiestruturado, no qual os participantes escreveram livremente, respondendo às perguntas sobre questões étnico-raciais e saúde. O estudo analisou 55 participantes, majoritariamente brancos, pertencentes à etnia branca e mulheres cis. A maioria reconheceu relação entre Raça/Cor/Etnia e saúde, além de racismo no SUS e no curso de Fisioterapia. Embora a maioria dos docentes tenha reconhecido o racismo em respostas objetivas, muitos discursos negaram sua existência ou limitaram a discussão à dimensão biológica. Essa contradição revelou a invisibilidade da população negra e a presença de um racismo estrutural ainda não plenamente reconhecido na formação em saúde. Além disso, muitos docentes adotaram uma visão biológica da raça, reforçando o racismo estrutural e biológico. As percepções dos docentes sobre a inclusão da temática étnico-racial na formação em saúde são essenciais para sua valorização no ensino. Apesar do reconhecimento da importância dessa questão, discursos e práticas que perpetuam o racismo ainda prevalecem. O racismo estrutural se manifesta por meio de micro agressões e currículos que não incorporam plenamente as questões raciais, comprometendo a equidade e a inclusão no ambiente universitário.