Práticas de autoria: a construção do sujeito-autor no livro didático de língua portuguesa

Abstract

A pesquisa analisa as práticas de autoria em sala de aula, focando no papel do livro didático de Língua Portuguesa como um mediador no processo de construção do sujeito-autor. Com base em estudos da Análise do Discurso, em especial os de Orlandi (2005, 2006, 2012, 2020), Gallo (1992, 1994, 2008, 2012) e Coracini (1999), o trabalho investiga como as propostas de produção textual presentes nos livros didáticos possibilitam ou limitam a autoria dos estudantes. Observamos que, nas escolas públicas, o livro didático é frequentemente o principal recurso pedagógico, determinando grande parte das atividades de leitura e escrita. A pesquisa enfatiza a importância de compreender as condições de produção do discurso escolar e como o livro didático, ao propor atividades textuais, orienta o aluno na construção de sentido, muitas vezes restringindo a criatividade e a expressão autoral. Além disso, o estudo problematiza a relação entre a linguagem, o sujeito e a ideologia, evidenciando como os discursos presentes nos livros refletem e reforçam normas sociais e culturais preestabelecidas. A partir da análise de propostas de produção textual, concluímos que, apesar de haver espaço para práticas autorais, esse exercício é frequentemente condicionado por diretrizes rígidas que reduzem o papel do estudante a um mero executor de fórmulas textuais. Assim, questionamos até que ponto o sujeito-autor tem liberdade para se manifestar plenamente no ambiente escolar.