Estudantes autistas em sala de aula comum e representações visuais ou além das aparências: os desafios da inclusão revelados pela DBR

Abstract

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido pauta recorrente no contexto educacional provocada pelo aumento considerável de diagnósticos. Estudos que abordam a Educação Matemática Inclusiva com estudantes autistas trazem aspectos voltados para o uso de elementos não verbais e elementos visuais. Deste modo, essa pesquisa teve como objetivo analisar a potencialidade de representações visuais como estratégia de apropriação de informações por estudantes autistas incluídos em turmas do 5o ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Especificamente, esta pesquisa objetivou: a) Analisar o contexto escolar em que está inserido o estudante autista; b) Analisar o que os sujeitos do contexto escolar (professor do Atendimento Educacional Especializado - AEE e professor da sala de aula comum) demonstram saber e avaliar sobre o ensino de Estatística e inclusão de crianças autistas nos anos iniciais do Ensino Fundamental; e c) Elaborar, desenvolver e analisar uma proposta didática para a interpretação e construção de gráficos de barras em sala de aula comum que tenha estudantes autistas. Para contemplar os objetivos do estudo, conforme os princípios da Design Based Research (DBR), buscou-se identificar e definir o problema de pesquisa, analisando a perspectiva dos coordenadores municipais de Educação Inclusiva e professores de sala de aula comum e de Atendimento Educacional Especializado. Realizamos três ciclos de iteração, nos quais conduzimos revisões de literatura, entrevistamos professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e professores de sala de aula, realizamos observação de aula das turmas participantes da pesquisa, conduzimos intervenções para implementar uma proposta didática focada em interpretação e construção de gráficos, e promovemos reuniões com um grupo de especialistas para redesenho. A proposta didática envolvia quatro atividades, as duas primeiras contextualizando interpretação de gráficos, a terceira solicitando interpretação de dados dispostos em um texto e a quarta atividade solicitando interpretação e construção de um gráfico a partir de dados dispostos em uma tabela. As questões solicitavam a interpretação de dados de ponto máximo, confronto entre hipóteses e dados e análise de conclusão. Ficou evidente que os estudantes autistas nível 1 de suporte que participaram do estudo apresentaram desempenho semelhante aos demais estudantes da sala com relação às questões propostas. A realização de ciclos com estudantes nível 2 de suporte moderado não

foi realizada, uma vez que a ausência de dados e a frequência irregular desses alunos não possibilitou a investigação. Ficou explícito que há muito a ser desenvolvido no campo educacional para que sejam propostas intervenções didáticas que incluam autistas na escola e na sala de aula comum. A pesquisa apontou desafios atitudinais na Educação Inclusiva e reforçou a importância de estratégias específicas para atender às nuances individuais dos estudantes autistas. Conclui-se que a efetiva inclusão de estudantes autistas requer adequações em diversos aspectos, com destaque nesse estudo à importância do letramento estatístico acessível. Isso implica em fornecer suporte educacional adequado aos estudantes e suporte profissional aos educadores para ensinar estatística de forma significativa e inclusiva. Além disso, é fundamental reconhecer a complexidade do autismo, promovendo uma abordagem holística que valorize o potencial de cada estudante.