Pedra Bonita e Cangaceiros : banditismo e poesia popular

Abstract

Este estudo tem por objetivo analisar aspectos do cangaceirismo nas obras Pedra Bonita e Cangaceiros, de José Lins do Rego, assim como a influência da literatura de cordel do início do século XX na produção dessas. Para isso, levantamos a bibliografia historiográfica, sociológica e biográfica sobre o cangaço, entre essas, os estudos de Frederico Pernambucano de Mello e Élise Grunspan-Jasmin. Com a análise de testemunhos, documentos e depoimentos de atores sociais ligados ao cangaço, estudos sobre memória e traumas da violência, entre os quais os de Aleida Assmann e Ecléa Bosi, revelam dinâmicas estruturais desses relatos e suas correlações com personagens das obras estudadas. Com as perspectivas de autores como György Lukács, Fredric Jameson e Terry Eagleton, situamos historicamente as obras, enquanto estudos de Sandra Luna ampliam, no que tange as obras, a compreensão do trágico na contemporaneidade. Estudos de Luís da Câmara Cascudo, Paul Zumthor, Julie Cavignac e Márcia Abreu, junto ao levantamento do acervo de João Martins de Athayde e outros poetas populares, permitem delimitar a influência do cordel na produção literária de Pedra Bonita e Cangaceiros, de forma distinta em cada um dos romances. A análise fortuna crítica sobre José Lins do Rego, observando estudos antigos e mais recentes, como de José Aderaldo Castello e Sônia Lúcia Ramalho Farias, e também as crônicas e ensaios do autor falando sobre a temática do cangaço, que também incluem comentários sobre o processo de produção das duas obras estudadas, permitem ver até que ponto a crítica considerou os aspectos que detalhamos no presente estudo. Os antecedentes literários e teóricos à produção da obra são investigados, como as obras de Tristão Alencar de Araripe Júnior, Antônio Áttico de Souza Leite, Rodolfo Teófilo e Carlos Dias Fernandes, sinalizando influências ainda não abordadas pela crítica.