Educação alimentar e nutricional como intervenção sobre os sintomas de vício alimentar em escolares da cidade de Vitória de Santo Antão

Abstract

O vício alimentar é um distúrbio psicológico e comportamental, caracterizado pela compulsão por alimentos palatáveis ricos em calorias, açúcar, sal e gordura, estando relacionado ao consumo de alimentos ultraprocessados (AUP). A composição nutricional destes alimentos é capaz de desencadear mecanismos de dependência semelhantes a substâncias viciantes. Neste contexto, as ações de educação alimentar e nutricional (EAN) são importantes instrumentos para promoção de hábitos alimentares saudáveis, sendo também uma estratégia preconizada pelas políticas públicas em alimentação e nutrição. Assim, a presente pesquisa mensura a frequência de sintomas de vício alimentar (VA) e avalia os efeitos de atividades de EAN sobre os sintomas de VA. Trata-se de um estudo de intervenção realizado com 81 crianças (8,8 ± 0,1 anos, 55,6% feminino) que avaliou os sintomas de VA por meio da Escala de VA para crianças (YFAS-C), o consumo de AUP foi avaliado por um questionário de frequência alimentar e medidas antropométricas também foram coletadas Peso corporal (kg), altura (m), índice de massa corporal, cincurferência da cintura (CC) e do percentual de gordura corporal (%GC). As atividades de intervenção de EAN foram realizadas por meio de atividades teóricas, práticas, diálogos, jogos e brincadeiras, respectivamente, em escolares do município de Vitória de Santo Antão. As atividades de EAN foram realizadas no ambiente escolar com 2 grupos: grupo controle com o (N = 36) e grupo EAN com o (N= 45), durante 8 semanas, semanalmente e com duração de 40 minutos cada ação. Os dados antropométricos mostraram um peso médio de 31,7 kg e IMC médio de 17,4 kg/m2, com 43,2% das crianças apresentando sobrepeso ou obesidade. Antes da intervenção com a EAN o consumo de AUP representou 38,8% da ingestão energética diária, sendo maior no grupo EAN. A frequência de VA foi de 12,3%, com a tolerância sendo o sintoma mais frequente. Após a intervenção de EAN, não houve diferença significativa nos sintomas de vício alimentar, mas o grupo EAN mostrou redução em alguns sintomas, como ingestão excessiva e tolerância. O efeito da intervenção foi classificado como fraco a moderado. A EAN mostrou potencial para reduzir comportamentos associados ao VA, sugerindo que estratégias educativas focadas na alimentação saudável podem ser promissoras, mas precisam de ajustes para resultados mais expressivos.