Literaturas Marginais nas escolas: o gênero batalha de rima na aula de literatura

Abstract

O ensino literário nas escolas a partir das recentes diretrizes e prescrições curriculares outorgadas, como a Base Nacional Comum Curricular (2018), cada vez mais se abre para o trabalho com diferentes tipos de literatura em diálogo com o cânone literário. Diante desse cenário de ensino, este trabalho objetiva analisar e tecer uma reflexão acerca da possibilidade de ensino literário com as literaturas marginais, postuladas por Ferréz (2005), a partir do gênero literário marginal oral batalha de rima, a fim de contribuir na formação de leitores críticos e ampliar seus contatos literários na sala de aula, através de atividades práticas. Para isso, contextualiza-se o Hip Hop, a luz de Lourenço (2010) e Dornelas (2021), como parte identitária do gênero batalha de rima, bem como suas especificidades, detalhando seu funcionamento e estilísticas escolhidas para análise: batalha de conhecimento e batalha de ideologia, a partir de Alves (2016); Falcirolli e Borges (2012); Gonçalves (2015); Santos (2019) e Silva (2018); enxergando-as como objeto de ensino para o letramento literário nas escolas. Ademais, defende-se o lugar da batalha de rima como pertencente à categoria das literaturas marginais, evidenciando seu caráter dialógico, segundo Koch (2002) e Souza (2011), e ponderando a abertura do ensino literário quanto às literaturas orais marginais, apoiado-se em Aguiar e Suassuna (2013); Soares (2008) e Mota (2022). A seguir, analisa-se e constrói-se uma reflexão do gênero, nas modalidades estilísticas apresentadas, a partir da observação e interpretação de fragmentos de batalhas de rima, capturados de vídeos da internet, interpretando suas implicações linguísticas e sociais, vislumbrando-as no letramento literário. Caminhando para o fim, é sugerida uma proposta didática, inspirada na sequência básica de Cosson (2014) e proposição didática de Ribeiro (2020), utilizando a batalha de rima em diálogo com outras formas de poesia, a fim de contribuir como inspiração para alternativas de ensino literário com literaturas orais marginais. Por fim, reflete-se sobre as possíveis contribuições da pesquisa para a formação de leitores dos alunos, a partir das lentes marginais, ressaltando a batalha de rima como possível objeto de ensino para o caminho do trabalho com literaturas orais marginais na sala de aula. Assim, conclui-se caminhos de reflexão e interpretação através das vozes marginais, sendo possível passear e refletir diversas temáticas sociais na sala de aula, caminhos de análise linguística para a construção da cosmovisão dos rimadores, bem como, exercícios de criatividade e criticidade, para os alunos, a partir de construção de rimas que revelem suas opiniões quanto a seus contextos sociais.