Vozes da Lama: avaliação participativa aplicada no desenho urbano da ZEIS Pina/Encanta Moça

Abstract

O crescimento acelerado da população brasileira nos últimos 150 anos impactou diretamente a formação das cidades, resultando na consolidação de assentamentos marcados por desigualdades socioespaciais. A urbanização fragmentada ampliou as disparidades no acesso à infraestrutura e aos serviços básicos, especialmente para populações de baixa renda. Nesse contexto, discutir a qualidade de vida nas áreas mais vulneráveis das cidades torna-se essencial, visto que 4 a cada 5 brasileiros vivem em áreas urbanas (ONU-Habitat, 2022).

Compreendendo este cenário, é evidente a necessidade de promover um planejamento territorial pautado nos conceitos de resiliência urbana e inclusão social, bem como situar o papel dos arquitetos e urbanistas nesta prática. Desse modo, as discussões acerca da participação popular no planejamento e desenho urbano ganham destaque por se apresentarem como um caminho para a construção de cidades mais justas. A partir desta perspectiva, a metodologia de “Avaliação Participativa” é trazida, nesta pesquisa, através de um estudo de caso aplicado na ZEIS Pina/Encanta Moça (Recife-PE), para compreender as dinâmicas do território, sob a perspectiva da sua população.

Por meio desta experiência, foi possível realizar um diagnóstico territorial que integrou as análises físicas do território, obtidas por meio de visitas de campo e pesquisas secundárias, às dinâmicas e necessidades dos seus principais atores sociais. Estas, compreendidas por meio de um processo participativo e de um diálogo com organizações comunitárias, produziram uma camada densa de informações e tornaram possível traçar diretrizes que se aproximam dos interesses coletivos. Assim, o presente trabalho ressalta, por meio das contribuições obtidas, a importância de uma abordagem transdisciplinar na formulação de políticas urbanas.