ANÁLISE DA INTEGRAÇÃO E PERMANÊNCIA DE GRADUANDOS EM ODONTOLOGIA INGRESSANTES PELAS POLÍTICAS DE COTAS ÉTNICO-RACIAIS NA UFPE

Abstract

O estudo teve como objetivo analisar a integração e permanência dos estudantes de Odontologia ingressantes pelas políticas de cotas étnico-raciais na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A pesquisa, de caráter transversal e descritivo, foi realizada em 2023, com a participação de 118 estudantes e 15 docentes do curso de Odontologia. Os estudantes responderam a um formulário estruturado autoaplicável, enquanto os docentes receberam um formulário eletrônico por e-mail. A análise dos dados utilizou estatística descritiva. Entre os estudantes, quase metade (49,15%) se autodeclararam pardos ou pretos, 67,8% identificaram-se como mulheres cisgêneros, e 31,25% dos participantes são cotistas provenientes de escola pública, com renda familiar de até 1,5 salário mínimo. A maioria dos discentes (79,66%) concordou plenamente que as cotas contribuem para a diversidade étnica no curso, e 65,25% consideraram os impactos dessas políticas muito positivos. No entanto, 24,58% relataram ter presenciado situações de discriminação, enquanto 4,24% afirmaram ter sido vítimas de discriminação diretamente. Quanto aos docentes, 60% revelaram possuir um conhecimento moderado sobre a legislação que regulamenta as cotas nas universidades. A maioria (86,7%) considerou muito importante a presença de estudantes oriundos de camadas populares no curso, afirmando que o desempenho dos cotistas é similar ao dos não cotistas. Os professores também ressaltaram a necessidade de implementar políticas mais robustas de assistência estudantil. Conclui-se que as políticas de cotas têm promovido avanços significativos na integração dos estudantes cotistas, embora persistam desafios, sobretudo em relação à permanência desses alunos e ao combate às discriminações no ambiente acadêmico.