Rastreamento da Doença Renal Crônica em Crianças e Adolescentes com Diabetes Mellitus : desenvolvimento e implementação de uma tecnologia educativa para educação permanente na atenção primária

Abstract

A adolescência traz ao indivíduo mudanças físicas e psicossociais que influenciam no seu desenvolvimento. Quando não há condições favoráveis para um amadurecimento saudável, podem surgir patologias, de caráter crônico. Dentre as condições crônicas, a diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é a de maior incidência na infância. A DM tipo 2 é uma realidade entre crianças e adolescentes, tendo como principal fator a obesidade. Pessoas que convivem com DM estão vulneráveis ao desenvolvimento de Doença Renal Crônica (DRC) em algum momento da vida. Caracterizada pela perda gradativa da função renal, a DRC infantojuvenil difere da de adultos, pois envolve questões fisiopatológicas complexas. A ação de rastreio de pacientes com DRC deve acontecer nos serviços de Atenção Primária à Saúde. Entretanto, fragilidades são apresentadas pelos profissionais, como o desconhecimento dos critérios para diagnóstico precoce, a ausência de manejo clínico nefrológico nos estágios iniciais e a falta de capacitações acerca da temática. Nesse contexto, o trabalho buscou responder: a implementação de uma intervenção educativa para profissionais da atenção primária, via tecnologia digital, contribui para aprimorar o conhecimento sobre o rastreamento da DRC em crianças e adolescentes com DM? O objetivo era avaliar as contribuições de uma intervenção de educação permanente via tecnologia educativa como proposta para aprimorar o conhecimento sobre o rastreamento da DRC em crianças e adolescentes com DM pelos profissionais da APS. É um estudo multimétodos, com dados quantitativos e qualitativos, dividido em diagnóstico situacional, projeto, construção, implementação e avaliação do curso. Teve como participantes 27 profissionais atuantes em unidades básicas de saúde em um município do interior de Pernambuco. O diagnóstico permitiu realizar a caracterização dos profissionais e identificar as condutas realizadas na consulta de acompanhamento dos pacientes jovens com DM na APS. Observou-se limitações na solicitação e na realização de exames, como albuminúria, relação albumina/creatinina, taxa de filtração glomerular, além de conhecimento incipiente sobre a diretriz de cuidado ao paciente renal. A partir desses dados, foi planejado um curso online, utilizando processos pedagógicos da Teoria da Aprendizagem Significativa. A intervenção educativa teve como tema central os métodos de rastreio da DRC utilizados na APS. Durante a aplicabilidade da educação permanente, os profissionais passaram a reconhecer os exames recomendados para rastreio da DRC e compreender o fluxo de atendimento e a importância do rastreio ainda na APS. Os resultados da intervenção foram positivos, sendo pontuada a melhoria da prática clínica após a EPS. A maior parte dos enfermeiros aderiram à EP, enquanto os médicos apresentaram baixa adesão. Na avaliação do curso, todos descreveram a formação como enriquecedora e alguns citaram a modalidade online como escolha interessante para a proposta de EPS, considerando boa a didática e os conteúdos atualizados. Portanto, a pesquisa pode contribuir de forma significativa para o aprimoramento do conhecimento frente ao rastreamento da DRC em pessoas com DM, levando os profissionais a repensarem suas práticas clínicas e perceberem a necessidade de uma uma assistência integrada, continuada e holística de crianças e adolescentes na APS.