Validação clínica do diagnóstico de enfermagem conhecimento deficiente em pacientes submetidos à hemodiálise

Abstract

O conhecimento deficiente em indivíduos submetidos à hemodiálise repercute para um déficit do autocuidado, bem como uma má adesão ao plano de cuidados proposto pela equipe multidisciplinar. Identificar o diagnóstico de enfermagem “Conhecimento deficiente” de forma acurada contribui para a construção de um plano de cuidados baseado em evidências, com foco na promoção da saúde e prevenção de agravos, por meio da educação em saúde. O estudo tem o objetivo de analisar as evidências de validade clínica do diagnóstico de enfermagem “Conhecimento deficiente” em pacientes submetidos à hemodiálise. Estudo de acurácia diagnóstica, com corte transversal, baseado na abordagem de testes diagnósticos, ancorado no método de validade do construto clínico. A amostra foi composta por 105 pacientes, submetidos à hemodiálise num hospital do nordeste brasileiro. A coleta de dados ocorreu durante os meses de setembro e outubro de 2022, por meio de uma entrevista com aplicação de um instrumento contendo dados sociodemográficos, clínicos e dos elementos do diagnóstico “Conhecimento deficiente”. Ressalta-se que os elementos do diagnóstico tiveram equivalência semântica com achados de pesquisas anteriores e com a NANDA-I. A análise dos dados ocorreu por meio de medidas descritivas, de tendência central e dispersão; e o teste de Kolmogorov-Smirnov, com intervalo de confiança de 95%. Utilizou-se o modelo de duas classes latentes de efeitos randômicos para verificar a sensibilidade e a especificidade dos indicadores clínicos e estimar a prevalência do diagnóstico. No ajuste do modelo foram aplicados os parâmetros do teste de verossimilhança e da entropia. O cálculo de probabilidades posteriores analisou a associação dos indicadores clínicos com o diagnóstico e a Odds Ratio, bem como a associação dos fatores etiológicos com o diagnóstico. Adotado um p valor de 0,05 para análises estatísticas. A pesquisa foi aprovada no comitê de ética sob o parecer no 5.579.696. Em relação aos sete indicadores clínicos investigados, o mais prevalente foi “declarações imprecisas sobre a doença” (60%) e, dentre os 20 fatores etiológicos avaliados, o mais prevalente foi “participação inadequada do paciente no planejamento dos seus cuidados à saúde” (92,38%). A prevalência estimada do “Conhecimento deficiente” foi 2,9% quando incluso no modelo de classe latente com efeitos randômicos, ajustado com seis dos sete indicadores clínicos investigados. Os indicadores clínicos que apresentaram alta sensibilidade e especificidade para indicar o diagnóstico “Conhecimento deficiente” foram: declarações imprecisas sobre a doença (sensibilidade = 0,9991 / especificidade = 0,4119); seguimento inadequado de instrução (sensibilidade = 0,9795 / especificidade = 0,9995); piora na qualidade de vida (sensibilidade = 0,9992 / especificidade = 0,9996); e comportamento inadequado (sensibilidade = 0,9992 / especificidade = 0,9996). Quando juntos, associam-se a maiores probabilidades da presença do “Conhecimento deficiente”. Em relação aos fatores etiológicos capazes de elevar as chances para desenvolver o diagnóstico, nenhum demonstrou relação para o desenvolvimento do “Conhecimento deficiente”. A validação clínica do diagnóstico “Conhecimento deficiente” oferece, ao enfermeiro, subsídios para uma prática assistencial baseada em evidência e oportuniza a realização de ações educativas direcionadas aos reais problemas da aquisição do conhecimento sobre a doença e seu tratamento entre o público-alvo.