Avaliação dos efeitos da sonolência diurna sobre a coordenação motora grossa de escolares com idade entre 9 e 11 anos

Abstract

A privação ou fragmentação do sono se reflete no aumento da sonolência diurna em crianças, o que pode afetar o desenvolvimento da coordenação motora. Assim, objetivou-se avaliar os efeitos da sonolência diurna sobre a coordenação motora grossa em escolares com idade entre 9 e 11 anos. Foram selecionados indivíduos de ambos os sexos (n=88) com idade entre 9 e 11 anos, regularmente matriculados na Escola Municipal Mariana Amália em Vitória de Santo Antão-PE, excluídos os portadores de doenças neurológicas, psicológicas ou psiquiátricas. A coleta de dados ocorreu no início do mês de Agosto (M1) e no final de Novembro (M2) do semestre letivo. Utilizou-se questionários para: coletar de informações sociodemográficas, observar o cronotipo (Matutinidade e Vespertinidade) e avaliar o nível de sonolência (Escala de Epworth). Foi analisada a coordenação motora pelo Teste de “korpekoordinationstest fur kunder test” (KTK). Foram utilizados teste estatísticos: Kolmogorov-Smirnov, teste t de Student ou Mann-Whitney, ANOVA ou Kruskall Wallis e de Spearman. Considerou-se o nível de significância p≤0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFPE: CAAE 26613019.6.0000.5208. Observou-se que 80% apresentaram o cronotipo intermediário. Em M1, os alunos apresentaram sonolência moderada a anormal (38%), já em M2, houve predomínio do nível anormal (59%). Com relação ao teste de coordenação motora observou-se que as crianças apresentaram escores maiores no final do semestre (p<0,001) e, o sexo feminino apresentou melhoria da coordenação no final do semestre (p<0,001). Verificou-se correlação moderada positiva entre o grau de sonolência entre os momentos (r=0,38; p<0,01), especificamente no sexo feminino (r=0,57; p<0,001). Houve alta correlação da coordenação motora entre os momentos letivos para o sexo feminino (r=0,80; p<0,001) e para o sexo masculino (r=0,97; p<0,00). Portanto, observou-se que a sonolência não está relacionada diretamente com a coordenação motora grossa de escolares entre 9 e 11 anos, com os instrumentos usados. Apesar do cronotipo predominante ser o intermediário, verificou-se que houve uma maior prevalência da sonolência anormal no final do semestre letivo, independente do sexo. Os meninos apresentaram melhor coordenação motora desde o início do estudo, e ao final do semestre as meninas adquiram mais habilidade motora.