O letramento estatístico como potecializador do projeto político da convivência com o semiárido

Abstract

O Semiárido Brasileiro é marcado por pelo menos duas perspectivas de relações com a região. A visão historicamente mais antiga foi alicerçada em argumentos de que os problemas regionais eram associados às condições climáticas do Semiárido, fomentando a ideia de Combate à Seca. Em contraposição a essa racionalidade emergiu, mais recentemente, a partir da mobilização e articulação da sociedade organizada e movimentos sociais, a perspectiva de convivência com o Semiárido. A partir dessas duas propostas antagônicas, o Semiárido constitui-se então num cenário de disputas epistêmicas e políticas. Ambas as propostas se utilizam de conhecimentos estatísticos para a comprovação e validação de suas narrativas, apresentando dados referentes aos contextos sociopolíticos do Semiárido. Esta pesquisa alinha-se à perspectiva da proposta de Convivência com o Semiárido e foca na seguinte questão de pesquisa: Como a mobilização de elementos do Letramento Estatístico via problematização, exploração e proposição de situações relacionadas com contextos do Semiárido Brasileiro em um Processo Formativo para professoras e professores pode proporcionar ressignificações nas compreensões acerca dos aspectos sociopolíticos dos territórios dessa região? O objetivo geral de nossa pesquisa foi compreender, a partir de um Processo Formativo, as potencialidades e os limites da mobilização de elementos do Letramento Estatístico via problematização, exploração a proposição de situações relacionadas com contextos e aspectos sociopolíticos do Semiárido Brasileiro. Os objetivos específicos foram: 1-Identificar compreensões de professoras e professores acerca do Semiárido Brasileiro e o ensino de estatística; 2- Evidenciar ressignificações das compreensões de professoras e professores acerca do Semiárido Brasileiro e o ensino de estatística a partir de mobilizações contextualizadas em um Processo Formativo; 3-Analisar, a partir dos dados produzidos, as potencialidades e os limites da mobilização do Letramento Estatístico como caminho para a compreensão de professores e professora dos aspectos sociopolíticos dos contextos do Semiárido Brasileiro. A estrutura metodológica se constituiu em duas etapas, a primeira de reconhecimento, realizada a partir de questionário e entrevista semiestruturada e a segunda a partir de um Processo Formativo focado, que teve a participação de grupo composto por 12 professoras e professores em atividade na Educação Básica no Semiárido. Os 4 encontros com os participantes ocorreram de forma virtual via Google Meet, devido ao contexto de pandemia de Covid-19. Os três primeiros, de duas horas de duração, e o último com três horas. Durante os encontros foi possível mobilizar elementos do Letramento Estatístico numa perspectiva de fortalecimento das dimensões e pressupostos da proposta de Convivência com o Semiárido, a saber: convivência com o meio ambiente; economia da convivência; convivência com a qualidade de vida; cultura da convivência e dimensão política. A nossa pesquisa trouxe como resultados o desenvolvimento de habilidades de Letramento Estatístico; formação crítica-reflexiva; (re)conhecimento de aspectos sociopolíticos; imersão em contextos estatísticos contextualizados, como potencialidades e, ausência de conhecimentos estatísticos; dificuldades com conceitos estatísticos e a baixa frequência de ensino de estatística na Educação Básica como situações de limitação.