Respostas de ansiedade, depressão, estresse e desempenho em tarefas de funções executivas cotidianas em estudantes de cursos técnicos durante a pandemia da COVID 19

Abstract

As Funções Executivas são habilidades fundamentais para o processo de aprendizagem de conteúdos teóricos, práticos, para a vida social e saúde mental. Elas são processos cognitivos complexos, associados predominantemente ao funcionamento do córtex pré-frontal, córtex parietal e áreas subcorticais. Esses processos atuam como um controle ou “supervisor” do comportamento viabilizando diversas ações complexas como manter o curso de ação em situações dinâmicas ou mesmo modificar esse curso de ação conforme mudanças e exigências do ambiente. Esta pesquisa visa investigar respostas de ansiedade, depressão, estresse e dificuldades em tarefas cotidianas de FE (Funções Executivas) em estudantes dos cursos técnicos durante a volta às aulas presenciais após período de isolamento físico da pandemia COVID 19. Para isso, participaram desta pesquisa 114 estudantes do ensino técnico do IFPE (Instituto Federal de Pernambuco). Primeiramente, os voluntários da pesquisa responderam a um Questionário Sociodemográfico, Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse-21 (EDAE-21) e Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento para adultos - IFERA-II. Os dados foram analisados de duas formas, uma mais holística com a amostra total com foco nas correlações entre as variáveis e outra forma em que comparamos dois grupos. Um grupo nomeado de Grupo com Alto Risco (GAR), caracterizado por estudantes com altos escores na escala de depressão, ansiedade e estresse, e outro Grupo com Baixo Risco (GBR), formado por estudantes com baixos escores na escala. Na análise holística identificamos correlações moderadas entre as variáveis depressão, ansiedade e estresse com o desempenho nas tarefas de FE de memória operacional, controle inibitório e flexibilidade cognitiva, bem como entre as características sociodemográficas da amostra, qualidade do sono e dificuldades financeiras. Já na comparação dos grupos, verificamos que o GAR teve mais dificuldade nas tarefas cotidianas de FE de memória operacional, controle inibitório e flexibilidade cognitiva do que o GBR. Estes resultados trazem subsídios para a construção coletiva de ações de assistência em saúde emocional e ações pedagógicas futuras na instituição.