Situação da Insegurança Alimentar e Nutricional, Saúde Mental e Qualidade de Vida de adultos no estado de Pernambuco no primeiro ano da pandemia da COVID-19

Abstract

Quando o Brasil tornou-se o epicentro da pandemia mundial da Covid-19 e os impactos estenderam-se a outros âmbitos, para além da saúde, a exemplo da economia. Nesse sentido, o advento da pandemia provocou uma queda ainda mais abrupta da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) no país e no estado de Pernambuco. Diante dessa conjuntura, considerando ainda a rápida evolução da doença, o número expressivo de mortes e a imposição de isolamento social, as mudanças estenderam-se ao nível da Saúde Mental, tendo em vista a tendência ao aumento nos índices de estresse, medo, pânico, ansiedade, culpa e tristeza durante este período. Entende-se que a Qualidade de Vida é multidimensional e tende a ser determinada de acordo com o estilo de vida do indivíduo, logo, observou-se que a mesma também sofreu alterações durante o período pandêmico. Nesse contexto, o presente estudo objetivou apresentar a situação da Insegurança Alimentar e Nutricional e os aspectos relacionados a qualidade de vida e a saúde mental de adultos durante o primeiro ano da pandemia da Covid-19 no estado de Pernambuco. Tratou-se de uma pesquisa de caráter transversal e descritiva de abordagem quantitativa, baseada na análise de uma parte do banco de dados de um projeto maior intitulado “Impacto do isolamento social e da quarentena causados pela pandemia da Covid-19 sobre o comportamento alimentar e a autoimagem corporal”, através da qual foram analisados dados de indivíduos que estiveram em isolamento social e/ou quarentena decorrente da pandemia da COVID-19, adultos e idosos, de ambos os sexos, residentes no estado de Pernambuco, no período de julho a novembro de 2020. Todos os questionários foram aplicados de maneira on-line, através da plataforma Google Forms e foram investigadas variáveis socioeconômicas, níveis de Insegurança Alimentar e Nutricional, Ansiedade e Depressão, e Qualidade de Vida em todos os seus domínios. Nos resultados, foi observado que um considerável percentual (89%) da amostra (N=337) encontrava-se em situação de desemprego, o que pode estar associado ao isolamento social. Diante disso, considerando a influência sobre a renda dos participantes e suas famílias, verificou-se que cerca de 32% da amostra apresentou algum grau de Insegurança Alimentar, 53% foi classificado como “possível” ou “provável” de apresentar ansiedade e 29% de apresentar depressão. No que se refere a qualidade de vida, tanto a percepção geral quanto os 4 domínios avaliados, apresentaram uma média considerada como regular. Concluiu-se que os impactos da pandemia da Covid-19 estenderam-se ao âmbito da Insegurança Alimentar e Nutricional, e foram potencializados pelas vulnerabilidades sociais existentes na população avaliada, a exemplo dos níveis de desemprego e de diminuição da renda. Além disso, o isolamento social, como mais uma consequência da pandemia, acabou por resultar em mudanças comportamentais, que podem ser relacionadas à saúde mental e à qualidade de vida.