Sentimentos e percepções de graduandos em pedagogia sobre inclusão digital no tempo da pandemia do COVID-19 no Brasil

Abstract

A presente pesquisa foi realizada durante o início da Pandemia do Covid-19 no Brasil. Nesse período, foi determinado pelo poder público estadual isolamento social, tendo em vista os altos índices de contágio do vírus. Uma das consequências desse isolamento repercutiu na Educação, com a mudança no modelo de ensino, passando do presencial para ensino emergencial remoto (ERE). Assim, este trabalho teve como objetivo investigar os sentimentos e percepções de graduandos do curso de licenciatura em Pedagogia, em uma IES privada, sobre a inclusão digital dos discentes no período da Pandemia do Covid-19. A base teórica foi estabelecida a partir dos estudos de Lévy (1998), Costa (2011), Kenski (2011) e Dudziak (2003) sobre as tecnologias digitais e inclusão digital; e as pesquisas de Damásio (2004), Júnior (2015), Merleau-Ponty (1994) e Mora (1996) para discutir os sentimentos e as percepções. Para atingir os objetivos propostos, foi utilizada a técnica de tratamento de dados Análise de Conteúdo de Bardin (2011). Foram aplicados dois instrumentos de coleta de dados; o primeiro foi uma entrevista aberta com 269 graduandos; o segundo um questionário digital com 259 alunos para investigar o objetivo do trabalho. Os dados foram analisados a partir da Análise Textual Discursiva, com o suporte do software Atlas.ti (versão 22). Foi possível identificar que o sentimento mais citado nas falas dos graduandos em relação ao período da Pandemia do Covid-19 foi o sentimento de medo, com 113 relatos. Em relação à percepção dos estudantes sobre sua realidade acadêmica durante esse período pandêmico, a dificuldade de aprendizagem foi a mais registrada, com 51% dos relatos. Um dos principais motivos para esse resultado foi a mudança do modelo de ensino presencial para o ERE. Sobre a inclusão digital, a dimensão técnica foi a mais citada pelos alunos, com 41,67%, em relação às dimensões de economia, 39,28%, e cognitiva, 19,05%. O principal aspecto nas respostas dos alunos é o não domínio do uso das ferramentas digitais durante as aulas remotas, sendo a interface digital mais utilizada pelos professores nesse período o Google Classroom (Google sala de aula). No que se refere à adaptação às aulas remotas, a maioria dos graduandos marcaram a alternativa “pouco adaptado” ou “adaptado intermediário” para o seu desenvolvimento na participação das aulas a distância, na realização de atividades e estudos dos conteúdos no modelo ERE. Um total de 96,14%, ou 249 estudantes, afirmaram mudanças no seu processo de aprendizagem durante o período das aulas a distância. O recurso mais utilizado pelos graduandos para acompanhar as aulas das disciplinas foi o celular / smartphone, sendo a internet residencial a rede de conexão mais usada por eles. Em relação às estruturas necessárias para o uso das tecnologias digitais no curso de Pedagogia, foi escolhida com 26,16% dos votos a formação para os estudantes sobre o uso das ferramentas digitais. No que diz respeito ao uso das TDICs no curso de Pedagogia, os graduandos apontam que é importante a formação em ferramentas digitais tanto para eles quanto para os seus professores. Sobre a sua formação docente, os graduandos apontaram a profissionalização como a maior contribuição que a experiência das aulas a distância proporcionou em relação à futura prática em sala de aula. A partir dos resultados, é possível concluir que a inclusão digital deve ser explorada em todas suas dimensões nos currículos e planejamentos das disciplinas, principalmente nos cursos de formação de professores. Os graduandos sentem a necessidade de uma formação específica sobre uso das tecnologias digitais para ajudar na sua futura prática docente.