Efeitos da separação materna e estresse alimentar agudo sobre o sistema opioidérgico e tamanho da refeição com dieta palatável em ratos wistar jovens

Abstract

Estudos demonstram que experiências estressoras no início da vida têm potencial de modificar o pleno desenvolvimento do organismo. A ocorrência de eventos estressores nesse período, como a separação materna (SM), é capaz de modificar a reatividade do organismo ao estresse e alterar o comportamento alimentar. O sistema opioidérgico faz parte da regulação desse comportamento, aumentando a motivação por alimentos palatáveis após ativação do receptor MOR. Dessa forma, o presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos da SM sobre o tamanho da refeição com uma dieta palatável, com ou sem estresse alimentar agudo e sobre a expressão gênica do receptor opioidérgico MOR no hipotálamo. Foram utilizados ratos wistar machos jovens que foram submetidos à SM durante o ciclo escuro todos os dias durante as primeiras duas semanas de vida por 180 minutos. Aqueles que não sofreram a SM, constituíram o grupo controle. Aos 35 dias de vida, o tamanho da refeição com uma dieta palatável foi avaliado. Essa é uma medida que diz respeito à quantidade de calorias ingeridas por Kg de peso corporal do animal. Com 36 dias de vida, foram submetidos ao estresse alimentar agudo. Esse tipo de estresse, de forma aguda, refere-se à exposição a um agente estressor por um período limitado, diferente do estresse crônico, que ocorre por um tempo mais prolongado. O estresse alimentar consistiu numa exposição a um cookie envolvido em material metálico, impedindo a ingestão do alimento, e posteriormente seguiu-se a eutanásia. Os hipotálamos foram dissecados para análise molecular do receptor MOR. Os resultados demonstraram que o grupo separados não apresentou alteração no tamanho da refeição com dieta palatável. Porém observou-se aumento do tamanho da refeição no grupo controle com estresse alimentar, resultado ausente nos outros grupos. Quanto à expressão do receptor MOR no hipotálamo, foi observado aumento no grupo separado com estresse alimentar, sem verificar esse resultado nos demais grupos experimentais. Portanto, conclui-se que a SM não apresentou efeito sobre o comportamento alimentar. Porém, a exposição a um segundo agente estressor, mesmo não tendo efeito sobre o comportamento, tem efeito sobre seus reguladores moleculares, como o receptor MOR no hipotálamo.