Arte política e identidade queer no fotolivro Welcome Home.

Abstract

O presente estudo tem o objetivo de compreender as imbricações entre arte, política e questões identitárias a partir da narrativa visual Welcome Home, do fotógrafo e artista visual Gui Mohallem. A obra compreende um interessante corpus de pesquisa, visto que reflete, a partir do relato fotográfico da experiência do autor em um santuário queer, no interior do Estado Unidos, os padrões estabelecidos pelas instâncias de poder heteronormativas aos corpos dissidentes. Para tal análise, recorremos ao caminho metodológico que corresponde aos estudos de Gerry Badger (2013), que auxiliará na compreensão das implicações e dos desdobramentos dos tipos de encadeamento das narrativas visuais em fotolivro. Tendo em vista a expressiva difusão de publicações de artista que trazem, enquanto tônica, as questões sociopolíticas e, mais especificamente, os desdobramentos das políticas identitárias, foram utilizados os estudos que compreendem a Teoria Queer a partir de Judith Butler (2016a e 2016b), Paul B. Preciado (2014) e Guacira Lopes Louro (2020). No que concerne ao entrecruzamento entre arte e política, as explanações do filósofo francês Jacques Rancière (2005, 2011 e 2012) facilitaram o entendimento das atitudes que conformam às obras de arte, em exclusivo, neste estudo, as narrativas visuais em fotolivro, seu sentido político. Espera-se com a presente pesquisa contribuir teórico-metodologicamente para as pesquisas sobre o campo dos fotolivros, visto sua significativa produção e difusão na última década, bem como a escassez de uma literatura que dê conta da área. Para além disso, trazer a reflexão sobre as mudanças socioculturais que atravessam o tecido social a partir das obras de arte e seus aspectos políticos.