Sujeito-mar: uma cartografia performativa para a cena da dança

Abstract

A presente pesquisa revela o processo de construção de uma videodança intitulada sujeito-mar, construída a partir de experiências de movimento vivenciadas no projeto de pesquisa Vida nua, performatividade e dramaturgia, coordenado pela orientadora desta monografia. O intuito do trabalho foi promover a inserção de zoé, nossa vida nua, instintiva em bíos, a vida cultural, social e política, ambos conceitos apropriados de Giorgio Agamben (2007), como forma de questionamento das formas de vida vigentes no ocidente, que consideram o humano como único referencial possível. Tal questionamento foi incorporado numa cena performativa da dança, sujeito-mar, como uma resposta pessoal em forma de heterotopia, segundo Michel Foucault (2013). Para tanto, foram investigados estados de corpo a partir de imersões instintivas e desviantes das relações que regem as perspectivas sociais, mesmo da dança. A partir do diálogo estabelecido entre autores de diversas áreas de conhecimento como a dança, a performance, e a filosofia, tais como Gaston Bachelard (1989), Letícia Damasceno (2014), Ciane Fernandes (2006), Suely Rolnik (1989) e Jussara Sobreira Setenta (2008), para além dos já citados, são instauradas possibilidades performativas para a construção de um produto em formato de videodança, cuja produção e construção se revelam como uma cartografia possível. Neste sentido, a pesquisa propõe o registro sistemático e sensível de um processo particular de criação em dança, a partir de inquietações surgidas na vivência de práticas somáticas de movimento, cujo produto final, sujeito-mar, revela-se performativo, como uma possibilidade para a dança contemporânea.