Avaliação espaço-temporal da qualidade da água do rio Ipojuca.

Abstract

Grande parte dos rios urbanos brasileiros recebem uma carga poluidora que vai além da sua capacidade de autodepuração. Essa problemática é agravada pelo crescimento e desenvolvimento sem planejamento das cidades ribeirinhas que não conseguem gerir um sistema de esgotamento sanitário que atenda à população toda a sua população e garanta um tratamento eficiente aos efluentes. Além da problemática dos efluentes domésticos, a falta de fiscalização eficiente, fazem com que as indústrias lancem efluentes in natura nos rios ou tratados de forma inadequada contribuindo para a poluição dos mananciais. Diante desse cenário, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o impacto da cidade de Caruaru/PE na qualidade da água do rio Ipojuca. Para tanto, foram determinados cinco pontos de coleta (P1, P2, P3, P4 e P5) ao longo do curso do rio. Os pontos foram distribuídos com o objetivo de avaliar a influência das regiões urbanas e rurais na qualidade da água do rio. As coletas foram realizadas no período compreendido entre outubro de 2014 a janeiro de 2018 e os parâmetros avaliados foram: temperatura, pH, oxigênio dissolvido, condutividade, salinidade, turbidez, DQO, DBO, fósforo, nitrogênio total e nitrogênio amoniacal. Os resultados demostraram que os pontos localizados no centro urbano (P3 e P4), como esperado, apresentam os piores valores. Isso evidencia a grande influência do esgoto doméstico na poluição das águas, visto que esses dois pontos se localizam numa região com grande densidade demográfica. Porém, é evidente também a influência das lavanderias têxteis, comércio muito comum e importante para Caruaru, que geram efluentes de alto potencial poluidor e que lançam esse efluente na rede de esgoto da cidade ou diretamente no rio. Além disso, observou-se a influência do fator chuva nos resultados. Os pontos P1 e P2 secaram com o longo período de estiagem que a região passou em 2016, voltando a ter água depois dos eventos de chuva. E nos demais pontos a concentração dos poluentes nas águas sobe drasticamente com a seca, visto que o volume de água e consequentemente a vazão diminuem pela falta de chuva.