Discalculia: uma análise dos possíveis casos em turmas do 9º ano do ensino fundamental e as considerações do professor de matemática.

Abstract

A Discalculia é um Transtorno de Aprendizagem Específico no qual o indivíduo tem habilidades matemáticas comprometidas, resultando em um rendimento abaixo do esperado. Além disso, interfere na autoestima e autoimagem afetando nos aspectos cognitivos, sociais, e emocionais de forma evolutiva. Por isso, se faz necessária uma identificação e intervenção. Esta pode ser iniciada em sala de aula pelos professores, e pela família. No entanto, o diagnóstico formal se dá com profissionais da área. Em sincronia, compreendendo-se que as dificuldades relacionadas as habilidades matemáticas nas salas de aulas são visíveis, a presente pesquisa se desenvolveu partindo do seguinte questionamento: Como as dificuldades na disciplina de Matemática, em turmas de 9° ano do Ensino Fundamental, podem estar relacionadas a Discalculia, e são vistas e trabalhadas pelo professor? Tendo como objetivo geral: analisar as principais dificuldades relacionadas a Discalculia em turmas do 9º ano do Ensino Fundamental e as considerações do professor de Matemática frente a temática e resultados; e específicos: investigar em cinco classes, totalizando 40 alunos, de ensino regular do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de Caruaru/PE possíveis casos de Discalculia a partir do Teste de Silva (2016); identificar dentre os diferentes tipos de Discalculia propostos por Kosc (1974) os mais apresentados pelas turmas investigadas, e analisar as considerações do professor de Matemática das turmas participantes quanto a Discalculia, aos resultados do teste aplicado em seus alunos e as possíveis soluções para minimizar as dificuldades apresentadas pelos alunos. Trazendo uma abordagem sobre a Discalculia e seus subtipos, suas causas e consequências, o perfil do aluno discalcúlico, avaliações e procedimentos dos profissionais envolvidos, comorbidade com outros transtornos, orientações aos professores e intervenções, e o jogo pedagógico com suas potencialidades e possibilidades como sugestão. A pesquisa exploratória, trata-se de um estudo de caso de cunho quali-quanti que se subdivide em duas etapas: aplicação de um teste pré-diagnóstico visando identificar dificuldades relacionadas a Discalculia que levam a possíveis casos do transtorno; e entrevista com o professor das turmas, no intuito de entender suas concepções acerca do tema e dos resultados obtidos em primeira instância. A partir desse estudo, constatamos uma frequência considerável de possíveis quadros de Discalculia, com um percentual de 22,5% do total de alunos. Já de forma mais específica, em relação as subcategorias do transtorno, percebemos uma propensão de 95%, em especial para a Discalculia verbal. Evidenciamos também que os professores não costumam ter abordagens e formações sobre o tema. Interferindo no diagnóstico e intervenção, invisibilizando a Discalculia e privando os alunos do apoio adequado. Em contrapartida, notamos uma familiarização com o jogo em sala de aula ou não, tanto pelo professor como pelos alunos; enxergando-o como uma possibilidade viável. Nesse sentido trazemos uma abordagem do jogo pedagógico como proposta de intervenção. E como considerações, a importância de pesquisas na área e intervenções pedagógicas que desenvolvam as potencialidades dos alunos e colaborem para a inclusão.