Ensino e aprendizagem da leitura e da escrita na educação de jovens e adultos : o que dizem professores alfabetizadores

Abstract

O presente trabalho, que se inscreve no campo da alfabetização na educação de jovens e adultos, teve como principal objetivo compreender o que dizem professores alfabetizadores da EJA sobre o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita na alfabetização de jovens e adultos. Na fundamentação teórica apoiamo-nos em autores como Haddad e Di Pierro (2000), Galvão e Soares (2006), Paulo Freire (1981, 1989, 2006), Magda Soares (1999, 2004, 2009), entre outros. Consideramos também alguns documentos oficiais e marcos importantes que versam sobre a educação, a alfabetização e o letramento na EJA. Nosso percurso metodológico teve como principal instrumento entrevistas semiestruturadas (MINAYO, 2007; MANZINI, 2004), realizadas por meio do Google Meet com 10 professores alfabetizadores da EJA de cidades da região Agreste de Pernambuco. No tocante à técnica de análise, utilizamos a Análise de Conteúdo, apoiados em Bardin (2011), que nos proporcionou a construção de categorias e subcategorias de análise a partir dos dados obtidos e de suas relações com o quadro teórico da pesquisa. Como resultados principais de nosso trabalho, destacando os aspectos relacionados à perspectiva do professores alfabetizadores sobre suas próprias práticas de ensino da leitura e da escrita, pudemos perceber, quanto às atividades consideradas de alfabetizar, que as mais citadas foram: o trabalho com o alfabeto/alfabeto móvel, a identificação de letras, a partir de seus tipos e formatos, a identificação das letras e a montagem/formação do próprio nome, além do trabalho com as sílabas. Com relação às atividades de leitura/leitura de textos, a música foi o gênero mais citado, seguida de textos pequenos ou curtos, fichas de leitura/fichas de palavras, cabeçalho da escola, versículos da bíblia e o bilhete. Já no tocante às atividades de escrita/produção os dados, indicaram a escrita de palavras, sílabas e/ou frases como as mais recorrentes, além das produções orais, a escrita de nomes de figuras, de bilhete, de cartas, de cordel, de poemas, de textos sobre o trabalho e o dia a dia dos estudantes. Do ponto de vista das percepções dos docentes alfabetizadores em relação à aprendizagem da leitura e da escrita por parte de seus alfabetizandos da EJA, os entrevistados salientaram que os avanços na alfabetização ocorreriam tendo como motivo principal a vontade e o interesse os alfabetizandos em aprenderem. Além disso, foram mencionados o uso de materiais e de atividades diversificadas e adequadas aos estudantes e às suas realidades escolares, como também a importância do professor e de seu trabalho e a existência de uma boa relação entre alfabetizadores e alfabetizandos como contribuições relevantes para o ensino e a aprendizagem da leitura e da escrita na alfabetização nas turmas de EJA. Assim, a realização de nossa pesquisa permitiu concluir que esses professores alfabetizadores precisavam e precisam falar e serem ouvidos e suas percepções, experiências, vivências e contribuições vistas e acolhidas também como formas de pensarmos em um processo de alfabetização, melhor e mais significativo na educação de jovens e adultos.