Aprendizagem baseada em problemas como metodologia ativa em pesquisas apresentadas no Congresso Nacional de Educação (Conedu) e no Encontro Nacional de Ensino de Química (Eneq).

Abstract

A presente pesquisa teve como objetivo investigar como a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) vem sendo abordada enquanto metodologia ativa em trabalhos publicados no Congresso Nacional de Educação (CONEDU) nos últimos cinco anos e no Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ) nos últimos dez anos. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, procedendo-se na apreciação dos dados segundo a análise de conteúdo de acordo com Bardin. Para síntese das informações coletadas os trabalhos foram analisados a partir de cinco categorias: As características da ABP são contempladas na pesquisa, Contribuições da ABP para a aprendizagem de conceitos químicos na Educação Básica, Contribuições da ABP para a aprendizagem de conceitos químicos no Ensino Superior, ABP na Formação Docente inicial e ABP contribuições para a formação continuada de professores. Todos os trabalhos fazem parte da primeira categoria, pois esta trata de pesquisas que utilizaram a metodologia ABP no ensino de química, caracterizando o método, resultando em um total de 18 trabalhos. Na segunda categoria, os resultados obtidos mostram que 61,1% dos trabalhos tratam das contribuições da ABP para o processo de ensino-aprendizagem de conceitos químicos na educação básica, observando-se que esta metodologia tem contribuído para a aprendizagem de conceitos químicos por promover uma participação ativa do estudante através do trabalho em grupo, da elaboração de hipóteses, do planejamento e execução de experimentos ou pesquisas, e do compartilhamento dos resultados, sendo o aluno responsável por seu aprendizado e o professor mediador no processo. Do total de trabalhos analisados 22,2% estão direcionados para o ensino da química no nível superior, estes resultados mostram que a ABP não vem sendo muito utilizada para a aprendizagem de conceitos químicos neste nível de ensino, necessitando de pesquisas voltadas a formação química com participação ativa de alunos e professores. Na quarta categoria, apenas 11,1% dos trabalhos estão direcionados para a formação docente inicial, um número muito pequeno, considerando a importância de se trabalhar metodologias investigativas e inovadoras como a ABP nos cursos de Química-Licenciatura, que objetiva o ensino de conteúdos específicos como também a formação de professores. Assim, o resultado dessa última categoria diverge do esperado, devido a grade curricular do curso de Química-Licenciatura oferecer componentes voltados ao ensino e aplicação metodológica. Outro fato preocupante foi que nenhum trabalho estava direcionado ao uso da ABP na formação continuada de professores de química, visto que os docentes em atividade na educação básica precisam se manter atualizados afim de uma atuação mais efetiva no processo de ensino-aprendizagem. Portanto, observou-se que as pesquisas em geral apontam para uma efetiva melhora na aprendizagem de conteúdos químicos a partir do uso de uma ABP e que esta metodologia tem favorecido o desenvolvimento de habilidades que vão além da simples memorização de conceitos, no entanto há uma lacuna com relação ao uso da metodologia no ensino superior, havendo uma necessidade de ampliação do seu uso neste nível de ensino, especificamente nos cursos de Química-Licenciatura.