Bem-nascer: intervenções educativas sobre doulagem como estratégia de humanização no sistema único de saúde

Abstract

Agregando uma série de momentos intimamente relacionados a mudanças que vão além do biológico e abraçando também transformações sociais e psicológicas, os processos de gestação, parto e puerpério possuem suas particularidades em distintas épocas e sociedades. Em resposta aos avanços crescentes da ciência e medicina, a hegemonia na assistência à parturiente passou a ser entregue à figura do médico dentro do ambiente hospitalar, deixando de lado a perspectiva quando imperava a tradição empírica e a chegada de uma nova vida no ambiente domiciliar com o auxílio de familiares e outras mulheres já experientes. Doula, do grego, “mulher que serve”, é uma figura ativa no momento do parto há séculos, de modo que relatos apontam sua presença desde o século XVII. Responsável por prestar assistência não apenas física, mas também emocional à parturiente, a doula acabou por tornar-se nos dias de hoje mais uma protagonista dentro das estratégias de humanização do parto criadas pelo Ministério da Saúde. Assim sendo, este trabalho possui como objetivo verificar o conhecimento e práticas de doulagem de comunitários no entorno de uma universidade pública para atuação junto a mulheres gestantes antes e após a intervenção educativa intitulada “Bem Nascer”, alicerçada no conhecimento coletivo e norteada pelos princípios da Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (PNEPS-SUS). Objetiva-se, portanto, apresentar a figura da doula enquanto pilar para uma assistência obstétrica mais segura e humanizada, dentro de seu papel de orientar e assistir mulheres de maneira integral durante todo o período de gestação, parto e puerpério. De semelhante forma, espera-se que as percepções a respeito de direitos sexuais, reprodutivos, Rede Cegonha e violência obstétrica sejam melhoradas, evidenciando uma catarse de empoderamento dos participantes.