Utilização de informações espaciais de alta resolução para análise de suscetibilidade de deslizamento sob situação de precipitações intensas

Abstract

Na Região Metropolitana do Recife (RMR) são rotineiros os deslizamentos de encostas, quando áreas suscetíveis são submetidas a chuvas intensas (precipitação acumulada em 24 horas acima de 18,6mm). A comunidade de Lagoa Encantada (Recife/PE), localizada em área de Formação Barreiras, é uma das localidades que sofre com deslizamentos no Município. Estudos mostram que, na localidade, com chuva acumulada maior que 60mm em 72h, registrou-se 75% dos deslizamentos na Região Sul da RMR, para o ano de 2009. Entre os anos de 2013 e 2017 foram cadastrados pela Defesa Civil 2.141 chamados na comunidade. Este trabalho tem como objetivo avaliar a suscetibilidade a deslizamentos e o balanço hídrico no solo, na comunidade de Lagoa Encantada, utilizando de forma combinada as simulações dos modelos computacionais SINMAP e Hydrus-1D. Os parâmetros de entrada do SINMAP foram as características físicas e hidrodinâmicas do solo, localização de escorregamentos e o DEM; no caso do modelo Hydrus-1D, os parâmetros hidráulicos do solo. Com o suporte de ambos os programas também foram realizadas simulações, com base nas chuvas registradas na região, entre os anos de 2013 e 2017. Os solos foram classificados pelo Sistema Unificado de Classificação de Solo (USCS). Para avaliar os processos de infiltração que provocam deslizamentos, foi utilizado o Hydrus-1D, nos mesmos cenários de chuva simulados pelo modelo SINMAP e também na avaliação do volume infiltrado, em deslizamentos reais. Os resultados do SINMAP (mapas de suscetibilidade) mostram um aumento de 71% na área suscetível (SI <1) entre os dois cenários de precipitação e são consistentes com evidências de deslizamentos. Os resultados do Hydrus-1D complementam os resultados do SINMAP e sugerem que os valores de infiltração, para cenários simulados, foram semelhantes aos de deslizamentos reais. Os resultados também mostram que a precipitação acumulada, nos dias que antecedem os deslizamentos, são de extrema importância na previsão de desastres; e que acidentes ocorridos, fora do período de inverno, podem ser consequência da fragilização do solo causada pela incidência de águas servidas. Conclui-se que é possível zonear áreas de maior instabilidade e prever possíveis escorregamentos, em diferentes cenários de chuva, observando a diferença entre os mapas de suscetibilidade para níveis de precipitações diferentes e avaliando quantitativamente o volume infiltrado que contribui para a desestabilização do solo.