Ensino da função afim em escolas do campo: uma análise do ponto de vista de alunos do primeiro ano do ensino médio.

Abstract

Com o presente trabalho objetivamos investigar o ensino de Função Afim em Escolas do Campo do município de Bezerros no Agreste de Pernambuco, a partir do olhar dos alunos e das relações que eles estabelecem entre esta noção matemática e as atividades produtivas que desenvolvem no cotidiano do Campo. Sobre a Educação do Campo referenciamos a pesquisa nos estudos de Caldart et. al. (2004), Arroyo et. al. (2004), Lima e Lima (2014), dentre outros pesquisadores que discutem o Campo como espaço social, cultural e de trabalho. No que concerne à Educação Matemática utilizamos como referência as pesquisas de Skovsmose (2000, 2007), D’Ambrosio (2003, 2009) e Roseira (2010) que preconizam o ensino de Matemática em uma perspectiva de formação crítica e cidadã. Além disso, fundamentamos a discussão sobre o ensino da Função Afim nos trabalhos de Chaves e Carvalho (2004) e Barreto (2008) que discorrem sobre o ensino dessa noção a partir de sua natureza prática e da leitura de situações do cotidiano. O estudo foi realizado com alunos do primeiro ano do ensino médio egressos da Escola A e alunos da Escola B do município de Bezerros. Utilizamos dois questionários, os quais objetivaram identificar as atividades produtivas desenvolvidas pelos estudantes e a relação que os mesmos entretêm com o lugar onde habitam e com o campesinato, a partir de resolução de problemas. Para elaborar os problemas matemáticos e analisar os dados obtidos utilizamos a categorização proposta por Skovsmose: referência à matemática pura, referência à semi-realidade e referência à realidade. Os resultados da pesquisa mostram que os alunos desenvolvem atividades ligadas ao Campo e, em maioria, se identificam com o lugar onde vivem. Embora tenham resolvido mais facilmente os problemas que remetem às suas atividades camponesas, ou seja, à realidade, eles expressaram que esse tipo de problema foi raramente trabalhado nas aulas de Matemática. Por consequência, tiveram dificuldade de identificar a noção matemática abordada nos problemas, mesmo nos casos de acerto.