Análise das dimensões da sustentabilidade no projeto Mulheres de Argila em Caruaru – PE.

Abstract

Desde os anos 1960, a busca pelo desenvolvimento sustentável ganhou destaque em virtude da ocorrência dos problemas ambientais. O alcance desse desenvolvimento sustentável só será efetivado tendo-se um equilíbrio entre suas dimensões ecológica, econômica e social. No entanto, em muitas experiências sócio-produtivas uma dimensão acaba tento maior foco do que as outras. Neste sentido, este estudo objetiva entender se o projeto mulheres de argila é sustentável - além de usar resíduos do jeans, preocupa-se com as condições de trabalho e renda das trabalhadoras. Os objetivos específicos buscaram a) recuperar historicamente a origem e o desenvolvimento do Projeto Mulheres de Argila; b) verificar os benefícios e as limitações do Projeto na destinação final dos resíduos da confecção do jeans; e c) averiguar, criticamente, se o Projeto está em equilíbrio com as dimensões da sustentabilidade, principalmente quanto às condições de trabalho e renda das mulheres. O referencial teórico foi composto pelo debate sobre o desenvolvimento sustentável e as dimensões da sustentabilidade; o Polo de Confecções do Agreste Pernambucano, com destaque para a cadeia produtiva do jeans e os resíduos industriais, além do trabalho domiciliar na confecção. Nesta pesquisa de natureza qualitativa, construiu-se um corpus derivado do material empírico textual (BAUER; AARTS, 2002) constituído por 5 entrevistas semi-estruturadas, realizadas face a face, e 5 entrevistas obtidas em vídeo-documentário totalizando 10 sujeitos, entre agentes, gestores e trabalhadoras do Projeto Mulheres de Argila em Caruaru-PE. A análise de conteúdo (BARDIN, 1977) foi usada como estratégia para análise das entrevistas. Os principais resultados relativos à dimensão ecológica indicaram que o projeto não vem absorvendo a grande quantidade de resíduos que é produzida pelas fábricas de jeans no Polo de Confecções do Agreste. Na dimensão econômica, o principal apoio que o projeto recebe é do SEBRAE, sendo financiado com seus próprios recursos. Na dimensão social, as condições de trabalho das trameiras e costureiras não são adequadas por elas trabalharem nos domicílios e não possuírem vínculo empregatício, com renda baixa e trabalho sazonal. Assim, o Projeto Mulheres de Argila não pode ser considerando sustentável, por não ter esse equilíbrio entre as dimensões e a dimensão social ser a mais frágil das três.