Os usos da biblioteca em uma escola dos anos iniciais do ensino fundamental : os encontros com a leitura

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo compreender os usos de uma biblioteca, no cotidiano de uma escola da rede pública de Ensino Fundamental, da região metropolitana da cidade Recife. A Biblioteca escolar estudada possui uma professora responsável pelo seu funcionamento, em cada turno, e é utilizada por diversos agentes escolares (alunos, professores, coordenadores, auxiliares e familiares). No referencial teórico, utilizamos estudos desenvolvidos sobre Biblioteca, Biblioteca Escolar, Leitura e Cotidiano escolar (GALLIAN, CERTEAU, CHARTIER, MANGUEL, PETIT, COSSON, FERREIRA, CAMPELLO, LAJOLO, ZILBERMAN), além de diversos documentos oficiais (Manifesto IFLA/UNESCO, LEI 12.244/10). Na construção do caminho metodológico, nos apoiamos na abordagem qualitativa de pesquisa, dentro de uma perspectiva etnográfica. Os dados foram coletados a partir de observações do cotidiano da biblioteca, no que tange aos seus usos pelos agentes escolares e as atividades desenvolvidas com turmas dos primeiros anos do Ensino Fundamental, em um período de 6 (seis) meses, e de entrevistas semiestruturadas com os agentes escolares, que foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas. Esses dados, em virtude de sua natureza, foram analisados com base na discussão sobre a “fabricação” do cotidiano de Michel de Certeau (1998), objetivando investigar como são construídas as práticas realizadas no cotidiano da biblioteca escolar. De acordo com os dados obtidos, foi possível constatar que a biblioteca escolar observada apresenta uma rotina bem diversificada. Nela são realizadas, principalmente, atividades que visam o desenvolvimento da formação leitora dos alunos. Mas, também foi possível perceber que a biblioteca escola foi bastante utilizada pelos diferentes agentes escolares e com outras finalidades. Além disso, grande parte das atividades realizadas dentro do espaço da biblioteca da escola, esteve relacionada a projetos previamente definidos pela Secretaria de Educação do município e pela coordenação escolar. No entanto, também identificamos que poderia existir uma maior diversidade de atividades de leitura, mediadas pelas professoras responsáveis pela biblioteca escolar e pelos demais agentes da escola que envolvesse os estudantes, familiares e comunidade, tendo em vista a existência de um acervo de qualidade e de uma estrutura física e tecnológica, que favorecem os encontros com a leitura, os quais poderiam contribuir, de forma mais satisfatória, com o processo de formação leitora.