A ludicidade como ferramenta de educação alimentar e nutricional para a promoção de uma alimentação saudável e adequada

Abstract

A prevalência de sobrepeso e obesidade vem aumentando na maioria dos países, em todas as idades dos ciclos de vida, sendo considerado um dos problemas nutricionais mais significativos da atualidade. Na infância, sabe-se que esse problema pode acarretar o aparecimento de outras patologias, como dislipidemias, hipertensão e diabetes mellitus, as quais anteriormente eram evidenciadas apenas em adultos. Ainda mais, acredita-se que a obesidade pode interferir na habilidade cognitiva das crianças, dificultando alguns mecanismos envolvidos no processo de aprendizagem. Diante dessa conjuntura, a educação alimentar e nutricional (EAN) é uma essencial estratégia a ser utilizada, sendo a sua materialização dada a partir da singularidade do lúdico, proporcionando a aprendizagem de maneira mais fácil e divertida. Nesse contexto, o presente estudo objetivou demonstrar a importância da ludicidade como estratégia de EAN para a potencialização do aprendizado sobre alimentação saudável e adequada no público infantil. Trata-se de um estudo pesquisa-ação realizado com crianças de faixa etária de 5 a 7 anos, pertencentes ao primeiro ano do Ensino Fundamental I do Instituto Santo Inácio de Loiola da rede de ensino de Vitória de Santo Antão, no período de março a abril de 2019. A pesquisa foi dividida em três momentos principais: o primeiro – o diagnóstico, com objetivo de analisar o perfil alimentar dessas crianças a partir da aplicação do questionário de frequência alimentar (QFA) aos pais/responsáveis, e o conhecimento delas sobre alimentação, nutrição e hábitos que compõe um estilo de vida saudável, o segundo – as atividades de EAN, as quais foram mediadas continuamente pelo personagem principal Noah, e o terceiro – oficina de conclusão e avaliação final. Ao analisar a frequência alimentar das 20 crianças que participaram do estudo, foi possível observar que havia um baixo consumo de tubérculos, verduras, legumes e frutas, e uma elevada ingestão de alimentos industrializados. Além disso, as crianças apresentaram ações que levam a comportamentos alimentares inadequados, como a utilização de aparelhos tecnológicos ou a ausência da família à mesa no momento das refeições. Quanto ao efeito da intervenção nutricional com o uso da ludicidade, notou-se que as crianças apresentaram uma boa interação e envolvimento, e que estas tiveram uma influência satisfatória para a construção do conhecimento sobre nutrição e alimentação adequada. Concluiu-se que esse trabalho contribuiu para o empoderamento das crianças no tocante a alimentação adequada e saudável, além de possibilitar uma reflexão sobre a forma da materialização das atividades de EAN, destacando a ludicidade, a partir dos atributos da pedagogia construtivista e freireana, uma importante ferramenta.