Maravilhoso e educação no classicismo: a dimensão educativa nas obras de Fénelon, La Fontaine e Perrault

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo central analisar fábulas e contos de fadas do neoclassicismo francês, para investigar como o elemento maravilhoso é utilizado de uma maneira que possibilite ou facilite a educação moral e ética, principalmente voltada para o público infantil. Para podermos ter uma melhor compreensão desse elemento, percorremos o caminho que busque valorizar a fantasia e o próprio maravilhoso na literatura, baseando-nos em trabalhos de vários autores como Auerbach (2015) e Eagleton (1978), e avaliamos a oposição entre literatura e filosofia, que disputavam há séculos por um certo protagonismo no que concerne um papel formador de suas obras na educação do povo, apoiando-nos principalmente da Paidéia de Jaeger. Também fizemos um panorama histórico do maravilhoso desde a Antiguidade, passando pela Idade Média, até o século XVII, através de estudos como os de Veyne (1987) e Le Goff (1985). Para fundamentar nossas análises, procuramos ainda compreender quais as características dos dois gêneros selecionados, e a relação que elas têm com o maravilhoso; além disso, nos preocupamos em situar historicamente os autores e as obras analisadas, observando as suas posições social e política, principalmente na disputa que ficou conhecida como a Querela entre os antigos e os modernos, sendo La Fontaine e Fénelon, mais voltados para o pensamento antigo, e Perrault, para o moderno. Por fim, pudemos analisar três textos de cada autor, observando os parâmetros acima citados e discutindo a importância de resgatar esses textos educativos em nossos dias.