Semioquímicos e perfil de hidrocarbonetos cuticulares em espécies de besouros antófilos da tribo Cyclocephalini (Coleoptera; Melolonthidae; Dinastinae)

Abstract

Neste trabalho foram estudados aspectos da ecologia química de espécies de besouros da tribo Cyclocephalini (Melolonthidae; Dynastinae), relacionados à sua biologia reprodutiva. Extratos epicuticulares obtidos a partir de imersão de exemplares de Cyclocephala cearae, C. celata e Erioscelis emarginata em 1 mL de hexano por 1 min foram analisados em CG-EM para que se caracterizassem os perfis de hidrocarbonetos cuticulares de cada uma das três espécies. Em todos os perfis verificou-se predomínio de hidrocarbonetos alifáticos com número ímpar de carbonos, principalmente alcanos e alcenos monoinsaturados. As composições desses hidrocarbonetos diferiu entre as três espécies estudadas, com predomínio de dois alcenos monoinsaturados com 25 átomos de carbono em C. cearae; um alceno monoinsaturado com 23 átomos de carbono em C. celata; e um alcano (n-heptacosano) em E. emarginata. Foi demonstrada a resposta eletrofisiológica e comportamental das espécies C. celata e C. cearae aos odores florais emanados por suas respectivas plantas hospedeiras, Philodendron acutatum e Taccarum ulei (Araceae). Os ensaios eletrofisiológicos foram viabilizados graças a uma nova metodologia de preparação de antenas lameladas (características dos Scarabaeoidea), desenvolvida neste trabalho. Nos testes de eletrofisologia (CG-EAD), antenas de machos e fêmeas adultos de C. celata e C. cearae responderam aos dois componentes majoritários presentes nos odores florais de P. acutatum e T. ulei: (S)-2-hidroxi-5-metil-3-hexanona e diidro-β-ionona. As respostas comportamentais desses besouros aos odores florais, a diidro-β-ionona sintética e à sua mistura a (S)-2-hidroxi-5-metil-3-hexanona evidenciam que estímulos químicos desencadeiam a resposta comportamental de busca desses besouros pela fonte emissora de odor. Por fim, foi demonstrado em ensaios eletrofisiológicos que antenas de fêmeas e machos adultos das espécies C. forsteri, C. cearae e E. emarginata podem responder a diversos voláteis orgânicos florais de estrutura química incomum presentes em plantas cantarófilas, tais como os compostos metoxilados anisol, 2-isopropil-3-metoxipirazina e 4-metoxiestireno, e o composto heterocíclico sulfurado 4-metil-5-viniltiazol.