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Please use this identifier to cite or link to this item: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/24799

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Title: Um sertão de águas: mulheres camponesas e a reapropriação social da natureza no Pajeú
Authors: FUNARI, Juliana Nascimento
Keywords: Gestão ambiental; Água; Trabalhadores rurais; Feminismo; Ecologia agrícola; Campesinato; Semiárido
Issue Date: 5-Aug-2016
Publisher: Universidade Federal de Pernambuco
Abstract: Essa pesquisa traz um olhar complexo na perspectiva da Agroecologia, da Ecologia Política e do Ecofeminismo sobre as relações das mulheres camponesas do Sertão do Pajeú com a água. No Semiárido Brasileiro a problemática da água se engendra em meio aos conflitos socioambientais e se torna ainda mais crítica no contexto da pobreza rural. Isso não se dá apenas pelas características naturais da região e sim através de processos sociopolíticos bases do modelo de desenvolvimento, como a concentração histórica de terras e águas nas mãos de poucos, a forma hegemônica de uso e ocupação do território e a implementação de políticas de combate à seca. Dentro de um sistema capitalista-patriarcal-racista, as mulheres camponesas enfrentam esse contexto hostil de forma específica e diferente. Nosso objetivo foi analisar as contribuições das mulheres camponesas para a gestão da água no território do Sertão do Pajeú, em Pernambuco. Para tanto, foi preciso analisar suas práticas de gestão da água nos trabalhos produtivos nos agroecossistemas e também nos trabalhos reprodutivos e de cuidados; identificar os espaços políticos de gestão da água nos quais estão inseridas no território; e investigar suas percepções sobre as dinâmicas sociais da gestão da água. Na direção da pesquisa participante nossos instrumentos de pesquisa foram entrevistas semiestruturadas, observação participante na Caravana em Defesa do Rio Pajeú, caminhadas exploratórias nos sítios, mapas participativos da propriedade com foco nos fluxos das águas. Observamos que as mulheres camponesas, a partir das condições sociais impostas e de uma outra racionalidade, têm desenvolvido saberes e fazeres, holísticos e complexos, com a água. Estes são estreitamente atrelados às suas experiências como mulheres nos ciclos de estiagens e nos processos de organização social, bem como às formas ecológicas de cultivo de seus agroecossistemas que envolvem práticas de conservação da água e da Caatinga. Para além das diversas opressões vividas por essas mulheres, elas vêm se fortalecendo como sujeitos políticos a partir da auto-organização em grupos, associações, redes e do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste (MMTR), em uma verdadeira construção feminista, ecológica e popular. Essa prática política também modifica a gestão da água realizada por elas, já que intensifica as trocas de conhecimentos de agricultora para agricultora e o diálogo com outros saberes, bem como permite o fortalecimento da sua luta por justiça ambiental. As mulheres camponesas têm construído novos processos de gestão da água como parte das mobilizações sociais para o desenvolvimento rural, realizadas por diversos sujeitos do campo da Agroecologia, Feminismo e Convivência com o Semiárido, organizados na Articulação do Semiárido Brasileiro. Entretanto, mesmo confluindo para um projeto político comum, existem muitas disputas de poder que precisam ser travadas pelas mulheres na construção dessa proposta de gestão da água e desenvolvimento rural. Valorizar e aprender com as experiências das mulheres camponesas do Pajeú é fundamental para a construção de uma convivência com o semiárido emancipatória para as mulheres e de fato transformadora da sociedade.
URI: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/24799
Appears in Collections:Dissertações de Mestrado - Desenvolvimento e Meio Ambiente

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