Projeto Novo Recife: uma análise entre a promessa e a implementação

Abstract

Este trabalho tem como objetivo analisar o Projeto Novo Recife à luz dos princípios do urbanismo contemporâneo, buscando compreender como o projeto, em sua atual fase de implementação, se articula com as promessas urbanísticas que o legitimaram. A pesquisa parte do contraste entre o discurso institucional e as práticas efetivas do projeto, com foco nas contradições e adequações em relação às diretrizes de valorização do espaço público, preservação, diversidade de usos, tempos e ritmos, vitalidade urbana e participação cidadã. Para isso, foi adotada uma abordagem analítica fundamentada nas contribuições teóricas dos autores François Ascher, Bernardo Secchi, Jane Jacobs e Françoise Choay, com a construção de um quadro de parâmetros analíticos aplicados ao estudo de caso. A pesquisa, de caráter qualitativo e exploratório, foi conduzida por meio da análise de documentos oficiais, materiais institucionais, reportagens, revisões bibliográficas, artigos, projetos e imagens da área, além da observação empírica realizada pela autora. Os resultados demonstram que, embora o Novo Recife tenha incorporado, através de ações mitigadoras e contrapartidas urbanas, algumas diretrizes do urbanismo contemporâneo, ele ainda apresenta limitações e não alcança o êxito prometido e esperado. Ao abordar o estudo de caso do antigo Cais José Estelita, o trabalho oferece uma reflexão sobre como as grandes intervenções urbanas, embora apresentadas como soluções para a revitalização e modernização das cidades, podem reproduzir e até acentuar as desigualdades sociais e territoriais. Por fim, a pesquisa contribui para o debate acadêmico e profissional ao destacar a importância de alinhar, de fato, as práticas de planejamento urbano com os princípios de um urbanismo mais sensível às realidades locais, que preencha não só a lacuna das necessidades urbanas, mas também consiga resolver os desafios socioeconômicos contemporâneos.