Quando a subversão também educa: o caso da militante política de esquerda Maria Teresa de Lemos Vilaça (1945-)

Abstract

Este artigo tem como enfoque a trajetória de formação política de Maria Teresa de Lemos Vilaça, uma mulher militante de esquerda durante o Regime Civil-Militar (1964-1985), com o objetivo de compreender como as atividades consideradas subversivas pelo regime podem ser formativas e auxiliadoras na construção da identidade política, ampliando o foco da pesquisa para além dos espaços de educação formal. Para isso, a metodologia utilizada foi a pesquisa documental, na qual foram analisadas as folhas de antecedentes da militante, produzida pela Delegacia de Ordem e Política e Social (DOPS), seu processo de indenização e o Relatório Final da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, criado e instalado oficialmente em 2012 por meio da Lei Estadual nº 14.688. As reflexões teóricas da pesquisa estiveram à luz da historiadora Michelle Perrot (1995, 2007), que analisa a história das mulheres em uma perspectiva mais plural e as situa como protagonistas de seus caminhos. Os resultados, após a análise documental, revelaram que a participação de Maria Teresa nos movimentos estudantis e em partidos políticos de esquerda, considerados como subversivos pelos militares à época, foi primordial para sua formação educativa, política e ética, especialmente diante do contexto em que estava inserida. Esses elementos proporcionam não apenas compreender como ela se forjou como sujeito histórico, mas também, destaca a atuação das mulheres em tempos de autoritarismo político.