Uso excessivo da inteligência artificial na graduação em contabilidade: riscos da dependência tecnológica para o desenvolvimento de habilidades analíticas e o exercício profissional

Abstract

Este trabalho investiga a percepção de discentes e docentes do curso de Ciências Contábeis acerca dos impactos do uso excessivo de ferramentas de Inteligência Artificial Generativa (IAG) na formação acadêmica, com ênfase no desenvolvimento das competências analíticas exigidas para o exercício ético e técnico da profissão contábil. A pesquisa, realizada na cidade do Recife, adotou uma abordagem metodológica mista, combinando a aplicação de questionários estruturados a 204 estudantes e entrevistas semiestruturadas com docentes da área contábil. A análise estatística, conduzida por meio da correlação de Pearson, revelou associações significativas entre variáveis, como entre a frequência de uso de Inteligência Artificial Generativa e a percepção de comprometimento da autonomia intelectual (r = 0,405; p < 0,01), da autonomia e o risco à formação profissional (r = 0,418; p < 0,01), e entre o raciocínio analítico e o risco à formação (r = 0,462; p < 0,01). Também foram observadas correlações negativas entre a clareza das diretrizes institucionais e variáveis como autonomia, raciocínio analítico e formação. As entrevistas evidenciaram a preocupação dos docentes quanto à superficialidade das aprendizagens e à perda de habilidades críticas entre os discentes. Conclui-se que, embora tais ferramentas apresentem potencial para apoiar o processo de aprendizagem, seu uso indiscriminado pode comprometer a construção de competências fundamentais à atuação contábil, exigindo intervenções pedagógicas que estimulem o uso consciente, crítico e responsável da Inteligência Artificial no ambiente universitário.