Saúde Mental e Cuidado na Atenção Básica em Saúde: narrativas de mulheres que cuidam de pessoas em situação de doenças crônicas não-transmissíveis e degenerativas

Abstract

O aumento da expectativa de vida e a melhoria na qualidade de vida das pessoas com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e degenerativas no Brasil têm levado a uma maior demanda por cuidadores. Este cuidado pode ser realizado tanto por profissionais contratados quanto por membros da família, especialmente no contexto de uma rede de suporte informal composta por familiares, amigos e vizinhos. O trabalho de cuidado, historicamente atribuído às mulheres, é frequentemente invisível, não remunerado e gera sobrecarga, perpetuando desigualdades de gênero. Apesar das conquistas feministas, como o acesso ao mercado de trabalho e a educação, a divisão sexual do trabalho continua a ser um desafio, especialmente no cuidado de familiares, em que as mulheres continuam a assumir a maior parte das responsabilidades. Este cenário resulta em condições precárias para as mulheres, que, muitas vezes, sacrificam sua saúde física e emocional para atender às demandas de cuidado, o que pode levar ao aumento de distúrbios psicológicos, privação de sono e dificuldades financeiras. Este artigo analisa as experiências de mulheres que cuidam de pessoas com DCNT e degenerativas, buscando entender os efeitos desse trabalho no sofrimento psíquico dessas cuidadoras e a importância de políticas públicas voltadas para a saúde mental e a igualdade de gênero.