Avaliação das boas práticas de manipulação de alimentos em serviços de alimentação na cidade de Jaboatão dos Guararapes

Abstract

As Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) representam um grave problema de saúde pública mundial, causadas principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados. No Brasil, entre 2000 e 2021, foram registrados mais de 14 mil surtos de DTA, com mais de 266 mil casos confirmados. A deficiência no controle de qualidade dos alimentos e falhas na aplicação das Boas Práticas de Manipulação agravam o cenário, exigindo ações eficazes da Vigilância Sanitária. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo analisar o cumprimento das boas práticas de manipulação em serviços de alimentação do município de Jaboatão dos Guararapes, fiscalizados pela Vigilância Sanitária no período de outubro a novembro de 2024. Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo, baseado na análise documental aleatória das notificações sanitárias emitidas a partir das não conformidades identificadas durante as inspeções, conforme os critérios estabelecidos na RDC nº 216/2004. Foram analisados 90 serviços de alimentação, sendo as padarias os estabelecimentos mais frequentemente fiscalizados, seguidos por bares e restaurantes, minimercados e supermercados. Os resultados evidenciaram que a não conformidade mais recorrente esteve relacionada às condições inadequadas de piso e teto (30%). Em seguida, observaram-se, com igual frequência (24,4%), a presença de fiação exposta e o armazenamento de alimentos em contato direto com o piso. Outras irregularidades identificadas incluíram alimentos sem identificação e ausência de telas de proteção (21,1%), armazenamento inadequado e uso de lixeiras impróprias (20%), além de temperatura inadequada dos alimentos (13,3%). Também foram observadas falhas quanto ao uso de uniformes e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) incompletos, desorganização de freezers e ventilação insuficiente (11,1%). Diante desses achados, destaca-se a necessidade de intensificação das ações de fiscalização sanitária, bem como da implementação de estratégias educativas, como treinamentos contínuos para os responsáveis e manipuladores dos diversos tipos de serviços de alimentação presentes no município.