Uma vampira a morder a própria jugular: intertextualidade e escrita feminina em Ana Cristina Cesar

Abstract

Esta monografia objetiva realizar uma análise da obra de Ana Cristina Cesar, a partir de suas “vampiragens”, conceito cunhado por Maria Lúcia de Barros Camargo (2003) e referente aos diálogos intertextuais que a autora apresenta em seus poemas. Imergindo nessa vereda, buscou-se, fundamentado em obras de Bosi (2021), Siscar (2011) e Süssekind (2004), ponderar sobre as relações que Ana C. estabelece com a tradição literária, tanto aquela que lhe é pregressa, a exemplo da poiésis de João Cabral de Melo Neto, como também aquela que se delineia na cena literária brasileira a partir dos anos 1970, por meio da sua obra e de seus contemporâneos, abarcados, comumente, sob o epíteto de poetas marginais. Em simultâneo, tais diálogos metapoéticos foram vistos sob a lente de uma possível escrita feminina, de modo a destacar os contornos dissidentes que tais incursões apresentam, quanto aos papéis convencionais de gênero, dentro do âmbito literário, recorrendo-se, para tal, a reflexões postuladas por Cixous (2022), Coelho (1989) e Heloísa Teixeira [Buarque de Hollanda] (1981; 2020).