Corrupção, fatores mediadores e o impacto sobre as ações e serviços públicos de saúde no Brasil : tendência do comportamento à luz de modelos de equações diferenciais

Abstract

A questão da corrupção é objeto de debate no mundo inteiro, pelas inquietudes sociais, políticas e econômicas que tal fenômeno gera. Apesar de ampla discussão sobre a temática, quase sempre no âmbito das causas, consequências e na investigação de valores desviados, observa-se a presença de mecanismos quantitativos robustos, como modelos econométricos, no campo das Ciências Contábeis, como modelos de equações diferenciais é, relativamente, inovador. Inicialmente, fez-se uma revisão sistemática do tema de modo a relacionar a corrupção no sistema de saúde com teorias existentes e sedimentadas na literatura. Os resultados da síntese de pesquisa evidenciaram que a presença dos elementos mediadores da corrupção, no âmbito das ações e serviços públicos de saúde no Brasil, afetam de modo positivo o uso desses recursos, mas, deve-se observar que tais fatores somente atuam de modo mais eficiente e eficaz na presença de boa governança (good governance) e que níveis mais elevados de transparência, participação da comunidade e accountability estão associados a níveis mais baixos de corrupção. Num segundo momento, traçou-se cenários para o comportamento da corrupção mediante o uso de ferramentas de equações diferenciais, dentre estes o modelo presa-predador. Embora os modelos propostos possam ser aplicados de forma ampla, este trabalho utilizou parâmetros observados no sistema de saúde pública do Brasil, considerando o esforço de recuperação dos valores desviados como uma fração entre 0 e 1, inclusive, para mostrar que a corrupção tem um equilíbrio assintoticamente estável, e utiliza esse modelo para estimar o tempo de reação social face aos valores suspeitos de corrupção. Os resultados indicaram que a tendência é o estabelecimento da corrupção num determinando nível e que há um ciclo de convivência entre o esforço de atuação dos órgãos de controle, face as ações corruptivas dos agentes.