Entre o passado e o futuro: um olhar sobre Aldeia-Camaragibe/PE

Abstract

Aldeia, situada à 10km do bairro do Recife-PE, tem passado por um significativo processo de crescimento urbano ao longo das últimas décadas, marcado pela busca por mais qualidade de vida dentro de um cenário de revalorização da natureza como ideal de bem viver. Porém, em se tratando de uma Área de Proteção Ambiental, composta por fragmentos de Mata Atlântica, a região passou a se desenvolver às custas de uma elevada interação entre o patrimônio natural e os elementos construídos, gerando tensões e conflitos de interesses. Fruto do processo de dispersão da cidade, a partir do movimento de periurbanização, sua ocupação enquanto destino residencial esteve associada a diversos fatores, sendo marcada especialmente pela implementação de empreendimentos habitacionais horizontais na região. A consolidação dessa forma de habitar, capaz de interferir não só na conformação do território, mas também nas dinâmicas urbanas, acompanhou o processo de desenvolvimento de Aldeia nas últimas décadas, estando associada às necessidades de um público majoritariamente proveniente dos centros urbanos. Assim, buscou-se investigar o processo de desenvolvimento urbano de Aldeia, utilizando como parâmetro principal a manifestação de empreendimentos habitacionais horizontais na região, dentro de um recorte temporal de quase 50 anos. Para isso, foram realizadas pesquisas bibliográficas e análises cartográficas que elucidaram as principais mudanças que ocorreram, além da participação dos diversos agentes produtores do espaço. Como resultado, pôde-se observar o mercado imobiliário e os proprietários fundiários como importantes agentes envolvidos na produção do espaço de Aldeia, que contribuíram não apenas para diversos episódios de mudança de uso da terra e consequente aproximação de uma dinâmica urbana, como também participaram ativamente da construção de Aldeia como objeto de desejo. Quanto ao patrimônio natural, pôde-se observar a partir do recorte temporal estabelecido que Aldeia já apresentava muitos trechos sem vegetação, que seguiram se ampliando em menor escala nas últimas décadas, tornando-se importantes aliados para a proliferação dos condomínios horizontais.